| Foto: Evaristo Sa/AFP

O pré-candidato à Presidência da República Geraldo Alckmin (PSDB) encontra dificuldades para rejuvenescer seu discurso e tentar se aproximar dos mais jovens, mantendo um tom distante e sisudo. Em discurso nesta quarta-feira (18), ele se comparou ao finado Enéas Carneiro (candidato a presidente pelo Prona em 1989, 1994 e 1998) para ilustrar sua pontualidade, durante evento nesta quarta-feira (18).

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Em outro momento de descontração Alckmin citou o trio de ataque do Santos nos anos de 1960, que contava com Pepe, Pelé e Coutinho. Ao final de sua fala, ainda tentou fazer uma piadinha ao setor de transportes: “O Brasil ‘trem’ jeito”.  O tucano falou no Fórum de Mobilidade, promovido pela Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANP Trilhos), em Brasília. 

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Ao final do tempo previsto para seu discurso, Alckmin afirmou que respeitaria o limite de tempo, assim como fazia Enéas (morto há 11 anos e desconhecido do eleitorado mais jovem). “Ele era filho de militar. Eu sou médico, ele era professor de eletrocardiografia, e ficava na entrada da sala olhando o relógio. Quando dava sete horas, ele entrava. Quando dava 10 horas, abandonava o giz na lousa e saía. Vamos cumprir o horário”, afirmou o pré-candidato, no único momento mais descontraído de sua fala de 20 minutos

Aos jornalistas, Alckmin comemorou o anúncio do PTB de que irá se coligar ele, apesar do envolvimento do partido em recentes operações policiais. Questionado sobre mais apoios, disse que está em conversas com o DEM e que seria importante contar com o partido, que está também em negociação com Ciro Gomes

“Não há coelho para tirar da cartola”, diz

Em um discurso com grande quantidade de informações sobre economia, Alckmin defendeu que sejam feitas as reformas da Previdência, tributária, política e de Estado, e valorizou uma redução da participação estatal nos investimentos no país. Ao ser questionado sobre o que fará para evitar grandes gastos do governo federal no ano que vem, caso seja eleito, disse que fará corte de gastos sem aumentar impostos, mas que “não há coelho para tirar da cartola”. 

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Alckmin focou sua mensagem no evento na área econômica, além de citar feitos de sua gestão como governador de São Paulo na área de transportes, motivo do evento. “O grande desafio para expansão do sistema metroviário é a falta de investimento. Não são obras de valor pequeno”, afirmou o tucano, que comentou que o estado de São Paulo está estudando formas de viabilizar tais investimentos permitindo melhor aproveitamento do espaço imobiliário ao redor das estações, permitindo ganhos imobiliários. Ele também defendeu a realização de concessões e parcerias público-privadas (PPPs). 

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“Estamos fazendo em São Paulo um trabalho de construção de prédios em cima da estação do trem e do metrô, para aproximar a moradia do transporte de alta qualidade”, defendeu. 

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A falta de confiança no país é um entrave ao crescimento, na visão do tucano. Ele defendeu uma “macroeconomia correta”, com redução do déficit fiscal. “Ano que vem será o sexto ano de déficit primário no Brasil. Quem tomar posse dia 1º de janeiro já começa o ano com dívida de R$ 139 bilhões, investimento quase nada e não pagando a dívida bruta”, disse. 

Sem citar os recentes governos do PT ou mesmo de Michel Temer, Alckmin disse que desde 2006, quando disputou a eleição presidencial pela primeira vez, a situação das contas públicas piorou, invertendo de um superávit primário (quando sobra dinheiro se não for considerado o pagamento da dívida pública, mas apenas de seus juros) para um déficit primário (quando falta dinheiro até mesmo para arcar com os juros). 

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A segurança jurídica também ajudará a atrair investimentos, disse Alckmin. “As agências (reguladoras) devem estar há mil quilômetros de distância de partido político. É diferente partido político de agência. Quem ganhou a eleição que trate de botar os melhores quadros para governar. Mas na agência tem mandato, ela ultrapassa aquele governo. Sem segurança jurídica não tem investimento. Quem vai investir em contrato de 30 anos se não tiver na agência pessoas tecnicamente preparadas”, disse. 

O pré-candidato também defendeu que se repense o tamanho do Estado. “Defendo que o grande papel do governo é o de planejador. Temos de resgatar o planejamento do Brasil, não ter visão de curtíssimo prazo, e ter forte papel regulador e fiscalizador. O governo vai ser mais forte. Ele tem a grande tarefa de definir prioridades”, afirmou.

Outros presidenciáveis

O ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (MDB) participou do evento pela manhã. Ele defendeu a redução das indicações políticas para agências reguladoras e bancos públicos. “As agências não serão usadas como arranjos políticos, mas para reduzir a incerteza regulatória, dar estabilidade de normas, garantir racionalidade e eficiência dos projetos”, disse.

“Temos que criar normas que garantam autonomia da autoridade reguladora, inclusive a autonomia financeira, ter regras de longo prazo, uma estrutura jurídica que permita que todos os investidores tenham garantia de longo prazo, normas que evitem competição entre ônibus e trem, a alocação de toda estrutura de transporte de ônibus rodoviário que complemente o transporte ferroviário, que permitam a integração urbana e um planejamento do transporte urbano”, disse Meirelles.

Marina Silva não pôde comparecer e enviou um vídeo. A pré-candidata da Rede fez uma gravação de quatro minutos em que relembra que é importante expandir a rede de transportes sobre trilhos no país e que é preciso debater formas de melhorar o transporte de produtos e passageiros. Porém, Marina não apresentou propostas e apenas defendeu o diálogo. 

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Ciro Gomes, pré-candidato do PDT, havia confirmado a presença no evento, mas minutos antes do início de sua apresentação foi anunciada sua ausência, devido a problemas com seu voo a Brasília. Levy Fidelix (PRTB) também participou do evento, e afirmou que defenderá uma atuação desenvolvimentista da economia.