| Foto: PEDRO SERAPIO/Gazeta do Povo

“Os bancos obrigaram o PT a beijar a cruz. Eu não vou beijar. Se não der, vou ficar assistindo de fora.” Ciro Gomes, pré-candidato do PDT à Presidência em 2018, assim traçou a diferença de seu pensamento econômico com o dos governos Lula, de quem foi ministro da Integração Nacional (2003 a 2006), e Dilma.

CARREGANDO :)

Ela falava, na segunda-feira (16), a estudantes da Faculdade de Economia e Administração da USP sobre seu “antagonismo com o rentismo” e sobre a disposição em trazer os “juros para um padrão menor”.

Ex-governador do Ceará e ex-ministro da Fazenda de Itamar Franco, Ciro Gomes defendeu, além da diminuição dos juros, “um ciclo de reindustrialização forçada”.

Publicidade

Sua agenda, diz, “converge iniciativa privada e Estado saneado”, oferecendo crédito e renúncia fiscal a setores que considera estratégicos: agronegócio, saúde, defesa e indústria de óleo e gás.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]

“Temos que introduzir no debate um modelo tributário não com a ilusão de que temos carga tributária grande demais – e até temos, mas ela é gravemente regressiva”, afirmou Ciro. Para ele, é necessário discutir a tributação sobre heranças e doações. “Sobre o povo mais pobre, ela [carga tributária] chega a 42% [da renda]. Sobre os ricos, não passa de 12%.”

Essas ideias ainda integrarão seu programa de governo, a ser discutido com futuros aliados: “Quando eu for entrar numa aliança, os partidos consultados vão dizer se isso não é oportuno”.

Estarão, porém, em um novo livro sobre política econômica que o presidenciável pretende lançar até 2018.

Publicidade
Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]

Nesse meio tempo, Carlos Lupi, presidente nacional do PDT, costura os palanques regionais, com 11 candidaturas majoritárias (a senado ou governo estadual) definidas.

Disputa política

Sem Lula, Ciro tem 10% das intenções de voto para presidente, segundo a última pesquisa Datafolha. É o mesmo patamar de Geraldo Alckmin e João Doria, ambos do PSDB. Com o petista, fica com 4% da preferência – o ex-presidente lidera, com 35%.

À reportagem o pedetista disse apostar que “em dezembro, [Doria] está fora do baralho”: “Ele não é do ramo. Torrou o orçamento de São Paulo, queimou as pontes. Perdeu o timing para fazer acordo por dentro [do partido] e ser eventualmente candidato a governador. Colidiu com o cara que o inventou e passou para a população a ideia de que é carreirista, não tem compromisso”.

Alckmin, diz Ciro, pode ser afetado pelos “erros” do PSDB, “que está segurando nas alças do caixão do governo Temer”.

Publicidade

Sobre Lula, o pedetista comenta que espera que o ex-presidente seja absolvido, “mas entenda que a candidatura dele é um desserviço a ele e ao país”, porque “passionaliza o ambiente” com “ódios, rancores e violência”.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]

Para Ciro, o ex-presidente deveria “convocar um grande debate que unificasse as forças progressistas do país”.

“Ele daria o maior exemplo de liderança, de preocupação com o país e não com mero petismo frustrado com a onda antipetista”, afirmou.

Lula deveria apoiar Ciro Gomes? “Não digo necessariamente, senão perco a moral da tese. Evidentemente, não se inventarão candidatos. Mas eu me ponho como um dos possíveis. Não me ponho como o candidato. Digo que depende do PDT, só.”

Publicidade