Josué subiu no carro de som ao lado dos petistas Dilma Rousseff e do Fernando Pimentel nas eleições de 2014.| Foto: Paulo Liebert

O topo das redes sociais de Josué Alencar (PR) ainda ostenta fotos dele sorrindo ao lado de Dilma Rousseff (PT). Em cima de um carro de som, os dois estão acompanhados de Fernando Pimentel (PT), governador de Minas Gerais, e Antônio Andrade (MDB), vice-governador. Os registros, que foram feitos em Ribeirão das Neves (MG), são um resquício da campanha eleitoral de 2014, quando Alencar era candidato a senador, Dilma tentava a reeleição e Pimentel e Andrade disputavam o governo de Minas Gerais.

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Filho do ex-vice-presidente José Alencar, companheiro de chapa de Lula (PT) em 2002 e 2006, e falecido em 2011, há meses Josué era apontado como vice ideal para vários dos presidenciáveis, inclusive Lula. Optar por compor uma chapa com o petista seria natural, visto que o slogan da campanha de Josué ao Senado, há quatro, anos era justamente “o senador do Lula, da Dilma e do Pimentel”.

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Mas, ao que tudo indica, este ano o empresário deve dividir o carro de som com um candidato de linha ideológica completamente oposta. O “menino do Lula”, como ficou conhecido por causa de sua proximidade com o ex-presidente, é cotado como vice na chapa presidencial de Geraldo Alckmin (PSDB).

Nesta sexta-feira (20), um dia após o Centrão anunciar uma aliança com o tucano, Josué se manifestou por meio de nota. Disse que soube da decisão do PR de apoiar Alckmin e de sua possível indicação para vice enquanto estava em uma viagem ao exterior. “Agradeço a confiança que as lideranças depositam em meu nome. No meu retorno, procurarei inteirar-me dos encaminhamentos feitos pelos partidos, para que possa tomar uma decisão”, escreveu.

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Na nota, o empresário pontuou que acredita que uma coligação “deva estar baseada em programas e ideias que projetem os rumos a serem seguidos pelo Brasil” e fez uma deferência a seu pai ao falar do papel que pode vir a desempenhar. “Meu saudoso pai dizia que o importante na chapa é quem a encabeça. E acrescentava: ‘vice não manda nada e deve evitar atrapalhar’”, afirmou.

Slogan do então candidato a senador em 2014 não deixa dúvidas sobre o apoio petista que Josué tinha no passado. 
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Trajetória

Nascido Josué Christiano Gomes da Silva, o empresário adotou o sobrenome Alencar justamente na eleição de 2014. Naquele pleito ele era filiado ao PMDB, mas foi para o PR em abril deste ano. O partido é o antigo PL de que seu pai foi membro durante o primeiro mandato como vice-presidente.

Josué é formado em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e em Direito pela Faculdade de Direito Milton Campos. Também tem um MBA em Administração de Negócios pela Vanderbilt University, nos Estados Unidos.

Herdeiro da Coteminas, gigante têxtil fundada por José Alencar, Josué é o presidente da empresa, além de fazer parte da administração de outras companhias do grupo, como a Springs Global e a Wembley S.A.. Administrador reconhecido internacionalmente, ele também já fez parte do Conselho de Administração da Petrobras. É membro efetivo do Conselho de Administração da Embraer, vice-presidente licenciado da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e vice-presidente do International Textile Manufacturers Federation (ITMF).

Seu desempenho na campanha de 2014 foi bom. Com 40,2% dos votos, ele perdeu a vaga mineira no Senado para o ex-governador Antonio Anastasia (PSDB), que recebeu 56,7% dos votos dos eleitores daquele estado.

Flertes políticos

De acordo com aliados de Lula, Josué era visto pelo ex-presidente como uma possível repetição da parceria com José Alencar que tanto agradou os empresários brasileiros. Por isso, desde o ano passado o PT vinha tentando costurar uma aliança com o herdeiro da Coteminas.

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O ex-presidente do PT de Minas Gerais deputado Reginaldo Lopes chegou a cravar, em agosto de 2017, que Josué seria o vice de Lula. Em outubro de 2017 o petista visitou a fábrica da Coteminas e alguns funcionários da empresa entoaram gritos de “eu já falei, todo mundo quer. Lula presidente e vice Josué”.

No começo de abril deste ano, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, fez uma investida para tentar levar Josué para a chapa de Ciro Gomes, mas o convite não foi aceito. Com a prisão de Lula, em abril, Josué se colocou à disposição do PR para ser candidato a presidente ou vice-presidente. De lá para cá, o empresário foi cortejado pelos mais diversos espectros da política nacional.

O PR ensaiou fechar apoio ao PSL de Jair Bolsonaro, mas voltou atrás. Depois, entrou em uma negociação com o PDT que também não vingou. O governador de Minas, Fernando Pimentel (PT), também manifestou interesse em ter Josué como vice para disputar a reeleição.

Tanto interesse se justifica. Uma pesquisa feita pelo DataPoder360 em junho mostrou que 18% dos eleitores mineiros que simpatizam com Lula acham que o ex-presidente deveria apoiar o nome de Josué para o Planalto caso ele mesmo não possa ser candidato.