| Foto: AFP/

Eles não dizem quem os contratou. E estão entre os advogados mais experientes em direito criminal de Minas Gerais. Os defensores do autor da facada em Jair Bolsonaro (PSL), Adelio Bispo de Oliveira, têm no currículo os casos do goleiro Bruno e da missionária Dorothy Stang, entre outros famosos.

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Zanone Manuel de Oliveira Junior conta que foi contatado por um evangélico que conhecia Adelio pela ligação religiosa, e que estaria em um grupo de WhattsApp comentando os fatos. “Naquela hora [do atentado] discutiram quem poderia ajudar o Adelio e que tinha que ser um especialista. Vários nomes foram citados, inclusive o meu, porque todo mundo que assistiu aos vídeos dos fatos visualizou uma tentativa de homicídio”, contou o advogado à Gazeta do Povo.

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Segundo Zanone Junior, como se pensou que o caso poderia ir a júri, ele foi acionado. “Tenho 1.038 casos em júri hoje”, afirma. Mas ele conta que isso não vai necessariamente ocorrer, pois há a expectativa de que Adelio Bispo responda por inconformismo político, crime previsto no artigo 20 da Lei 7.170/1983, também conhecida como Lei de Segurança Nacional.

Como “cabeça de chapa” do caso, Zanone Junior se uniu a outros três advogados na defesa de Adelio Bispo de Oliveira: Pedro Augusto de Lima Felipe e Possa, Fernando Costa Oliveira Magalhães e Marcelo Manoel da Costa.

Zanone Manuel de Oliveira Junior: currículo

Antes do caso Adelio, Zanone Junior e Fernando Magalhães atuaram juntos na defesa do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, mais conhecido como Bola: amigo do goleiro Bruno Fernandes Souza. No caso do goleiro Bruno, Bola e o ex-atleta foram condenados pela morte por estrangulamento, esquartejamento e ocultação de cadáver da modelo Eliza Samudio, em 2010, na cidade de Esmeraldas (MG).

Em 2015, no Pará, Zanone também fez a defesa do fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, um dos cinco condenados pelo assassinato de Dorothy Stang, missionária religiosa norte-americana. O cliente do advogado foi considerado o mandante do crime.

Adelio Bispo de Oliveira conta com advogados experientes em direito criminal 
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Apesar de estar recebendo ameaças pela defesa de Adelio Bispo, o caso em que o advogado relata ter recebido maior número de ameaças aconteceu foi por conta do “Maníaco Fura Bundas”, como era chamado o açougueiro Gilberto Fernandes da Silva, que atacava na região de Montes Claros (MG). “Era um louco que pegou uma menina [de 8 anos] e esquartejou”, diz o advogado.

O apelido foi dado porque o maníaco perfurava e cortava as nádegas das vítimas. Ele foi condenado a 28 anos de prisão e o caso chegou a ser divulgado no programa policial Linha Direta, da Rede Globo.

Em outro caso, Zanone defendeu a ex-estudante de direito Érika Passarelli, condenada por planejar a morte do pai para receber seguros de vida que somavam R$ 1,2 milhão, em Itabirito (MG).

Fernando Costa Oliveira Magalhães

O advogado Fernando Magalhães também é um conhecido criminalista de Minas Gerais. Seu escritório chega a representar cerca de 600 detentos dos 3 mil internos da Penitenciária de Segurança Máxima de Contagem, conforme reportagem e entrevista com o criminalista divulgada no jornal “Alterosa Alerta”.

Magalhães já foi parceiro de Zanone Junior em outros processos além do atual e do goleiro Bruno. “Outro caso emblemático que ele me assessorou foi quando um pai de santo matou um pastor evangélico no Rio Grande do Sul”, lembra Zanone.

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O caso ocorreu em 2008, quando o pastor Francisco de Paula Cunha de Miranda foi encontrado morto. Acusado do crime, Júlio César Bonato dizia não se lembrar do homicídio alegando estar incorporado por uma entidade chamada Exu Caveira. Levado ao tribunal do júri, o réu foi condenado a quatro anos de prisão, após a bancada de defesa pedir a condenação sob a justificativa de o pai de santo estar “sob forte emoção” no momento do assassinato, o que reduziu a pena.

Em um processo recente, um de seus clientes acusado de mais de 20 homicídios, Luís Henrique Nascimento Vale, deixou a penitenciária de contagem no Réveillon de 2017 “pela porta da frente” sem o conhecimento do advogado. “Não passou por mim. Sou extremamente sério, mas foi um alvará legítimo”, disse Magalhães ao jornal regional “O Tempo”. Foi expedido, na sequência, um novo mandato de prisão e Totó (apelido de Luís Henrique) segue foragido.

“Companheiros de firma”

Os outros dois advogados de Adelio Bispo são Pedro Augusto de Lima Felipe e Possa e Marcelo Manoel da Costa. Eles trabalham juntos no escritório NDCM Advogados Associados, em Barbacena (MG), e dividem alguns processos.

Um exemplo disso são os recursos com o registro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Marcelo Costa junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). A Gazeta do Povo identificou três registros, todos emitidos em parceria com o colega.

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Pedro Possa tem “currículo” um pouco mais extenso. Foram identificados 13 processos no STJ relacionados à identificação de Possa na OAB. Dessas consultas, uma é relativa ao tema homicídio, sete a tráfico ou uso de drogas, três sobre prisão preventiva, um sobre execução de pena, um de direito civil e um arquivado.

Ambos também são da confiança de Zanone, que é parceiro da empresa de advocacia NDCM em diversos casos: “Meu escritório cumpre precatórios para eles”. Ele explica que os colegas realizam sustentações orais na região, caminho para o Rio de Janeiro e a menos de 100 km de Juiz de Fora, onde aconteceu o atentado contra Bolsonaro.

Enquanto Pedro Possa já trabalhou em diversos casos com júri, Marcelo é relativamente novo na advocacia, segundo Zanone. “Mas ele já foi assessor de juiz”, diz.