Hélio Bolsonaro, durante voo com Bolsonaro durante a transição de governo.| Foto: Reprodução/Facebook

“Não posso falar agora. Tô aqui do lado do zero um.” Essa foi a resposta do agora deputado eleito Hélio Negão (PSL-RJ) a uma ligação da Gazeta do Povo, que tentava entrevistá-lo após seu desempenho e o papel de destaque que ganhou nas eleições de 2018. O “zero um”, como se sabe, virou uma espécie de pronome entre os mais próximos para se referir ao presidente eleito Jair Bolsonaro, também do PSL. 

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Hélio Negão, como é conhecido o subtenente do Exército Hélio Fernando Barbosa Lopes, tornou-se tão amigo de Bolsonaro que ganhou o direito de usar o sobrenome do capitão na campanha: Hélio Bolsonaro. 

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Com o nome de urna Hélio Negão, o militar candidatou-se a vereador em Nova Iguaçu, cidade da Baixada Fluminense, dois anos atrás pelo PSC. Obteve 480 votos e foi o 161º mais votado. 

Em 2018, concorrendo com o nome Hélio Bolsonaro e no PSL do capitão, saltou para 345 mil votos. Foi o deputado federal mais votado do Rio de Janeiro. 

Desde o final do primeiro turno, Hélio começou a aparecer ao lado do então presidenciável o tempo inteiro. Começou nas transmissões ao vivo pela internet e continua até hoje, mesmo depois de eleito. Na semana passada, por exemplo, Hélio ficou ao fundo de Bolsonaro em entrevistas coletivas realizadas em Brasília. 

Sempre parado e sem dar declaração, o comportamento rendeu fama. Passou a ser reconhecido e abordado por muitos simpatizantes do presidente no Congresso Nacional, que pediam para tirar selfies a seu lado. Piadista com o público em geral, o deputado eleito é arredio com jornalistas. Não gosta de falar e está sempre andando com pressa.

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Abordado pela Gazeta do Povo em um dos corredores da Câmara, Hélio aceitou falar - mas a conversa durou um minuto e meio. 

O deputado mais votado do Rio reage aos comentários, que apareceram nas redes sociais, de que foi colocado ao lado de Bolsonaro para “amenizar” a imagem de racista da qual o presidente eleito é acusado. Hélio diz que são amigos há mais de vinte anos, “o que os torna irmãos”. 

“Na verdade, somos amigos há mais de vinte anos. O Jair Messias Bolsonaro vai na minha casa e vou na casa dele. O considero como irmão, apesar da diferença das cores. Ele é branco, eu sou negro. Somos iguais porque eu sou daltônico. Não vejo diferença entre cores. Se Deus não vê porque eu vou ver. Digo que é uma honra e satisfação carregar o nome de uma pessoa do bem, que não faz o mal a ninguém e trata todo mundo igual”, disse Hélio. 

Ele rebate às críticas de que posa ao lado de Bolsonaro atendendo a pedido do capitão. “Não é a pedido dele, não. Nada disso.” 

Viagens com Bolsonaro

Hélio conquistou o privilégio de viajar ao lado do presidente eleito nos deslocamentos da transição de governo entre Rio e Brasília. A proximidade tem causado ciúme entre algumas pessoas mais próximas, em especial parlamentares, que buscam colar na imagem do novo presidente e já andam se queixando de falta de acesso ao futuro ocupante do Palácio do Planalto. 

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“Compreendo o ponto de vista das outras pessoas. Mas ele é meu amigo. E é uma amizade de 20 anos, não de quatro ou cinco. Meu amigo do Exército. Ele é capitão, eu sou subtenente. O importante é fazermos um Brasil justo e para todos.” 

Perguntado sobre que projetos e ideias pretende defender no Congresso Nacional, Hélio Bolsonaro preferiu responder com elogios a Bolsonaro. 

“Só tenho a agradecer aos eleitores que acreditaram em Jair Bolsonaro como presidente e o pessoal do PSL. Estamos aí para fazer um país mais igual, mais unido. E sem diferença de classe, entre pretos e brancos, heteros e homos, ricos e pobres. Com mais emprego, saúde e educação correta, sem ideologia de gênero”, respondeu o deputado eleito, repetindo argumentos do amigo capitão, muito utilizados pelo então presidenciável na campanha.