| Foto: NELSON ALMEIDA/AFP

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender sua inocência, na noite da quinta-feira (20) e desafiou os investigadores da Lava Jato a encontrarem provas concretas de atos de corrupção praticados por ele. “Eu gostaria que o Ministério Público da Lava Jato, a Polícia Federal, se tiverem alguma prova que o Lula recebeu cinco centavos, por favor, me desmoralizem”, desafiou o petista em discurso de 30 minutos durante o ato em seu apoio na Avenida Paulista, em São Paulo. “O que não pode é, para tentar me prejudicar, destruir esse país”.

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Para Lula, seus adversários estão usando diferentes métodos para tirá-lo do cenário político. “Como não conseguem me vencer na política, querem me derrotar com processo. É todo dia um processo, todo dia um depoimento, um inquérito”, reclamou. “Nenhum deles é mais honesto que eu neste país.”

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O ex-presidente afirmou ainda que a honestidade é um valor que aprendeu em casa e contou um episódio de sua infância. Ele disse que pensou em roubar uma maçã certa vez, mas não o fez para não envergonhar a mãe, Dona Lindu. “Se eu não tive coragem de envergonhar a minha mãe, eu não vou ter de envergonhar oito netos e agora uma bisneta”, afirmou.

Para Lula, os ataques sucessivos à sua figura, ao PT e à esquerda mostram que seus inimigos estão sem saber o que fazer. “Já foram 500 tiros, [enquanto] um tiro de garrucha matou a revoada de tucanos que existia nesse país”, ironizou.

Eleição direta

Lula ainda defendeu a realização de novas eleições no Brasil. “O país só tem um jeito: é a gente ter uma eleição direta e eleger um presidente que tenha coragem de olhar na cara do povo”. Para Lula, é necessário um novo presidente “que não tenha preconceito, que defenda a soberania nacional e que não tenha complexo de vira-lata”.

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“Temos que preocupar nesse instante não é no que está acontecendo comigo, temos que nos preocupar com o que está acontecendo neste país”, afirmou. Cercado de aliados que criticavam o juiz Sergio Moro e pediam que ele pudesse concorrer nas próximas eleições, o petista voltou a repetir que, em seu governo, os mais pobres foram incluídos no consumo e “subiram na escala social”. “Quando o pobre é incluído no mercado e no orçamento da União, a economia vai crescer”, afirmou. Para ele, essa é a solução para a economia “girar”.

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Antes de deixar o local, o ex-presidente desceu do carro de som, tirou fotos com o público e abraçou crianças. Os organizadores prometem novos atos e uma ida a Curitiba no dia do próximo depoimento de Lula a Moro, em setembro.

Tropa de choque

Os manifestantes pró-Lula ocuparam a avenida ainda durante a tarde e criticaram as reformas trabalhista e da Previdência. A senadora Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, e o senador Lindberg Farias (PT-RJ), que disputaram o comando do partido, estiveram presentes lado a lado no carro de som. A senadora afirmou que os militantes estão se oferecendo para fazer vaquinha para ajudar Lula a pagar a defesa e também fez uma série de críticas a Moro.

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Lindberg criticou Sergio Moro e xingou o presidente Michel Temer.O senador afirmou que o calendário das próximas manifestações ainda não foi decidido, mas que o ato “demonstra uma revolta muito grande da gente que defende a democracia brasileira”. “Na nossa avaliação, isso é a continuidade do golpe, tirar o Lula do jogo é isso”, disse.

O senador também ironizou o aumento do PIS/Cofins para os combustíveis, anunciada pela equipe econômica do governo. “Isso é um escândalo, quero ver o que a turma dos patos amarelos vai falar”, disse Lindbergh, em alusão à campanha “Não Vou Pagar o Pato”, liderada pelo presidente da Fiesp, Paulo Skaf, a partir de setembro de 2015. “Eles diziam que não iam aumentar impostos. Essa coisa de aumentar imposto nesse momento desmoraliza de vez o governo e seu ministro da Fazenda”, completou.

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