| Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado

Pouco mais de quatro meses depois de ter se lançado pré-candidata à Presidência da República, Marina Silva (Rede) se lançou de novo, neste sábado, para a disputa pelo Palácio do Planalto. “Sou candidata a presidente da República Federativa do Brasil pela terceira vez, em legítima defesa da democracia, da alternância de poder, da justiça como reparação, pela refundação da República”, disse Marina na convenção da Rede, partido que ela criou, em Brasília.

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Marina discursou por pouco menos de 30 minutos ao mesmo tempo em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva falava do alto de um carro de som em São Bernardo do Campo (SP). Ministra do Meio Ambiente no governo Lula, ela disse que a prisão do ex-presidente não é motivo de comemoração, mas ponderou que ela simboliza um novo tempo. “O momento não é de celebração, é de tristeza: o ex-presidente da República que poderia estar apto para fazer o que bem quisesse na política sendo interditado pela Justiça por erros que cometeu. Isso não deve ser motivo de celebração. Mas, por outro lado, é uma sinalização de que nós podemos começar a ter esperança de que está se iniciando um tempo de que a lei será igualmente para todos”, discursou Marina.

Sobre a possibilidade de herdar votos de Lula com a saída dele da disputa eleitoral, Marina disse que a candidatura dela não depende da participação ou não de outros candidatos. “Os eleitores ainda não tomaram uma posição definitiva. Estamos no começo do processo”, ponderou.

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Ela também rebateu o discurso de perseguição da Justiça adotado pelo PT. “Vejo sendo investigadas pessoas do PT, do PMDB, como do PSDB, do DEM, de todos os partidos que têm problemas. [...] Todos os direitos de revisão de processo assegurando ampla defesa estão sendo assegurados e, obviamente, chega um momento que as decisões são tomadas e a lei deve ser implementada igualmente para todos”, afirmou a pré-candidata.

Tanto em sua fala para a militância como na entrevista que concedeu após o ato, Marina insistiu na defesa do fim do foro privilegiado e na possibilidade de prisão após condenação em segunda instância. Ela criticou nominalmente alguns políticos, inclusive o senador Aécio Neves (PSDB-MG), a quem se aliou no segundo turno da disputa presidencial de 2014. “Que não se permita mais que os Renans [Calheiros], os Aécios [Neves], os [Eliseus] Padilhas e os [Michel] Temers fiquem impunes sob o manto do foro privilegiado”, afirmou Marina.

Como vacina a críticas de que se aliou a alvos de investigações, ela disse que, em 2014, ninguém tinha noção da dimensão dos problemas. “Agora sabemos quem é quem”, disse Marina. Sem citar nomes, ela criticou pré-candidatos à Presidência. “Tem muitos que não estão disputando a eleição. Estão disputando um salvo-conduto.”

Plano de governo

Marina se comprometeu a apresentar antecipadamente seu programa de governo e disse que o programa de 2014 será atualizado. Ao falar de economia, a pré-candidata disse que está sendo auxiliada pelos economistas Eduardo Giannetti da Fonseca, Ricardo Paes de Barros e Amir Cury. Ela afirmou que só haverá recuperação econômica caso se recupere também a credibilidade política e institucional. “É preciso que a gente inaugure um novo ciclo e que a recuperação da nossa economia se dê em cima de um compromisso inarredável de que vamos, sim, equilibrar as contas públicas, recuperar as pilastras da macroeconomia, recuperar um ecossistema saudável para que investidores possam se tornar prósperos, mas sem abrir mão dos compromissos sociais”, disse Marina.

Marina disse que reformas são necessárias, “mas não da forma como vêm sendo feitas pelo governo Temer, que não tem legitimidade, credibilidade para fazer reformas e está tentando fazê-las em prejuízo de apenas um setor, que é o trabalhador”. Ela se comprometeu a debater a reforma da Previdência e, sobre a trabalhista, disse que as contribuições apresentadas foram contempladas na medida provisória enviada pelo governo, mas ainda não votada no Congresso.

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Alianças

A sigla da ex-senadora tem direito apenas a 12 segundos de tempo de televisão na propaganda eleitoral.

A aliança que Marina fez com Aécio Neves (PSDB) no segundo turno da disputa de 2014 deu início a um racha entre seus correligionários e provocou muitas críticas e dissidências em seu partido. Por isso, o evento deste sábado recebeu menos aliados, já que alguns integrantes deixaram a Rede, caso do deputado Alessandro Molon (RJ), que ingressou no PSB em março deste ano.

Marina chegou a procurar o PSB para uma eventual aliança, mas o partido recebeu na sexta-feira a ficha de filiação de Joaquim Barbosa, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), cotado para disputar a Presidência, embora algumas alas da legenda, como a do governador paulista, Márcio França, sejam contra.

A pré-candidata disse neste sábado que continuará dialogando com partidos que a apoiaram em 2014 e com movimentos da sociedade civil, como Agora, Acredito, Frente Favela e Brasil 21.