Lula está percorrendo todos os estados do Nordeste e diz que será candidato à Presidência da República em 2018.| Foto: Lucio Tavora/AFP

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste sábado, em Feira de Santana (BA), durante evento de sua caravana pelo Nordeste, que “não é possível” o eleitor reclamar dos políticos e “na hora do voto colocar uma raposa lá dentro do galinheiro” – no mês passado, o petista foi condenado pelo juiz federal Sergio Moro a nove anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá. Ele se diz inocente.

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“Não é possível a gente passar o ano inteiro falando que tem que melhorar e na hora do voto colocar uma raposa lá dentro do galinheiro. A gente precisa ficar mais esperto. Não dá para votar num cidadão sem saber se ele é raposa ou não”, disse Lula durante um ato do Fórum Baiano de Agricultura Familiar.

Segundo os organizadores, participaram do evento, realizado na Estação da Música, 5 mil agricultores familiares. Vestindo chapéu de couro e jaleco de boiadeiro, Lula pediu aos eleitores que votem com mais “consciência” para afastar as “raposas” da política. O petista afirma que será candidato a presidente da República em 2018. A condenação de Moro aguarda julgamento no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF4) e, se confirmada a sentença no caso do triplex, ele ficará inelegível.

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Réu em outros cinco processos da Lava Jato e seus desdobramentos, Lula disse que as denúncias não vão impedi-lo de rodar o Brasil para fazer política. “Não sou daqueles que, quando aparece denúncia, colocam o rabo entre as pernas e vão embora. Vou cobrar que eles apresentem provas”, disse o ex-presidente. “Sou temente a Deus. É a única coisa a que sou temente. Não sou temente aos homens”, afirmou o petista. A caravana do ex-presidente vai percorrer 25 cidades nos nove estados do Nordeste – ela foi iniciada na quinta-feira, em Salvador, e termina no dia 5 de setembro em São Luís.

Palavrão

Pela manhã, o petista participou de um evento com mais de 60 prefeitos de cidades do interior baiano. Na plateia havia políticos de partidos como PMDB e DEM, que apoiaram o impeachment de Dilma Rousseff e integram a base do governo Michel Temer. Lula usou um palavrão para criticar a situação econômica do país. “Este país é grande demais. Este país não nasceu para ser a m... que é”, disse o ex-presidente, que logo em seguida tentou se desculpar. “Desculpe aí o pessoal que está gravando.”

Apesar das críticas, os prefeitos formaram uma fila de quase uma hora para tirar fotos com o petista. Um prefeito do PMDB que pediu para não ter o nome divulgado explicou tanta admiração. Segundo ele, Lula é muito admirado no Nordeste e pode ser um grande cabo eleitoral para 2018.

Uma hora depois, para um público formado por militantes do Movimento dos Sem-Terra (MST), Lula se comparou a um galo de briga. Após criticar a imprensa e chamar o empresariado de mal-agradecido, ele disse que seus opositores têm medo de sua eleição porque sabem “o que vai acontecer”. No discurso, ele disse que tinha de poupar a voz para não chegar “cacarejando” nas cidades que compõem a caravana pelo Brasil. “Tenho que chegar como galo de briga. Falando grosso.” Dirigindo-se à plateia de trabalhadores rurais, ele afirmou que cuidará deles se eleito, porque sabe quem ficou ao seu lado. Presenteado com acessório de couro, afirmou: “Eu achava que sou corajoso. Agora com esse chapéu e jaleco, pode acreditar que vai acontecer muito mais coisa neste país”.

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