| Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

“Defender causas, sem bandeiras partidárias”: esse é o lema que o Podemos, o antigo PTN, quer usar para se dissociar da ideia clássica de partido, atualmente em desprestígio em parte da sociedade. Com essa estratégia, a pequena sigla está se recriando e almeja até entrar na disputa pela Presidência da República em 2018. Nem de direita, nem de esquerda, a legenda se propõe a debater temas específicos que sejam de interesse da sociedade e abrir o canal direto com o eleitorado.

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Uma das apostas do partido para se projetar nacionalmente é a adesão do senador paranaense Alvaro Dias, hoje filiado ao PV. Ele afirma que é pretensão da legenda lançar candidato à Presidência da República e que se for convocado para encabeçar a chapa, ele aceitará. O senador Romário (PSB-RJ) também está inclinado a entrar no partido de olho numa candidatura ao governo do Rio de Janeiro.

“Os partidos tradicionais serão rejeitados nas próximas eleições e é preciso oferecer uma alternativa. Os governantes não ouviram as denuncias de corrupção. Alguns são verdadeiras organizações criminosas como demonstrou a operação Lava Jato. São apenas siglas para inscrições de candidaturas. Queremos um partido transparente, um novo modelo de partido”, defendeu o senador Alvaro Dias.

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O Podemos defende uma plataforma do que chamam de democracia direta. Para isso, querem usar as redes sociais e a internet para acessar a população e servir de um canal direto entre os parlamentares e o eleitor. A ideia é usar uma plataforma digital para consulta permanente sobre o interesse da população para que o eleitor sinta que é representado o tempo todo e não somente nas eleições.

A legenda se inspira em partidos europeus como o Podemos espanhol, o Cinco Estrelas italiano e o En Marche francês, que acaba de eleger Emmanuel Macron como presidente. As legendas seguem a tendência de negar a política clássica e se vendem como o “novo”.

O partido, que hoje tem uma bancada de 15 deputados federais, deve chegar a 25 já na próxima janela partidária, em março do ano que vem. O senador reconhece que o menor tempo de TV é uma das desvantagens de migrar para um partido menor. Mas diz acreditar que essa estratégia de democracia direta por meio da plataforma digital vai ajudar o partido a crescer.

O Podemos pretende lançar a plataforma digital para coletar a opinião da população só em 1º de julho, mas já indicou algumas causas que deve defender, como o combate à corrupção. De acordo com o senador, os parlamentares do partido tendem a defender uma política econômica liberal a favor de reformas e pode defender até privatizações de alguns setores. Dias explicou ainda que o partido vai defender “valores essenciais da esquerda como justiça social”.

Manifesto contra a velha política

O Podemos vai apresentar um novo programa e um novo estatuto. O partido apresentou um manifesto que diz que o mundo mudou, mas a política continuou como feita como sempre. Eles chamam a política tradicional de “velha política”, que não estaria ouvindo “a voz das ruas”. A ideia não é nova: a Rede Sustentabilidade é um dos partidos que defende a “nova política”, por exemplo, já há alguns anos.

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A sigla quer a simplificação das regras para a apresentação de projetos de iniciativa popular no Congresso Nacional. Também propõe instituir uma espécie de voto digital para proposição de projetos pela internet. O mesmo mecanismo orientaria a bancada do partido por pautas de relevância nacional que surgem e circulam na internet.

O partido afirma que selecionará as propostas de iniciativa popular e encaminhará à Câmara dos Deputados. Essas ideias devem ter pelo menos 20 mil assinaturas. O partido não esclareceu, no entanto, os critérios que utilizará para escolher as matérias que serão levadas ao Legislativo, nem se vai se diferenciar dos mecanismos atuais usados pelas legendas como aprovar medidas em reuniões da Executiva, por exemplo, mesmo que contrarie a opinião dos eleitores.

Questionado sobre como filtrar o grande volume de informações e opiniões que devem chegar por essa plataforma digital que a sigla quer usar para acessar o eleitor, Dias reconhece que é um desafio. “É preciso saber selecionar as informações que chegam e ter sensibilidade política para distinguir o que não é útil para atender aos anseios da população”, disse.