| Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Partidos da base aliada de Michel Temer que votaram em massa a favor do presidente na quarta-feira (2), derrubando a denúncia da Procuradoria-Geral da República, aumentaram a pressão por cargos ocupados por “infiéis”. Eles ameaçam travar a discussão da reforma da Previdência e até retirar apoio ao presidente na votação de uma provável segunda denúncia apresentada pela PGR.

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O principal alvo das reclamações é o PSDB, que ocupa quatro ministérios e cargos em escalões inferiores, mas entregou menos da metade de seus 46 votos a favor de Temer.

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Horas depois da vitória do governo na Câmara, dirigentes do PMDB e de siglas do chamado centrão mandaram recados ao Planalto para exigir uma recompensa imediata pela fidelidade demonstrada no placar de 263 votos.

Além do partido do presidente, o bloco formado por PP, PR, PSD, PTB, PRB e outras legendas reclama de “sinais trocados” enviados pelo Planalto nos últimos dias, que demonstrariam um recuo em promessas de reorganização dos cargos ocupados pela base.

Essas siglas alegam que votaram por Temer sob a condição de que teriam suas demandas atendidas de imediato.

O PR quer, por exemplo, indicar aliados de Magda Mofatto (GO), que votou a favor do presidente, nos cargos hoje ocupados pelo deputado Delegado Waldir (GO), que se manifestou contra Temer.

Os caciques do PP, em que o apoio ao presidente foi de 85%, reclamam que o Planalto liberou “milhões” em emendas para Waldir Maranhão (MA) e ele votou contra Temer.

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Já o Podemos negociou nomeações para as diretorias de Administração e Saúde Ambiental da Funasa.

Nos bastidores, os partidos da base afirmam que, se não forem atendidos, vão interditar o debate sobre a reforma da Previdência, bandeira prioritária de Temer após a superação da denúncia no plenário da Câmara. Dirigentes do centrão tratam como “piada” a tentativa do governo de retomar essa discussão antes do pagamento dessas faturas.

Nesta quinta (3), Temer consultou líderes da base sobre a possibilidade de iniciar a votação do projeto na primeira quinzena de setembro e finalizá-la na Câmara e no Senado até o final de outubro.

Há resistências entre deputados governistas tanto em relação ao conteúdo como ao calendário. O próprio presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse a aliados que será necessário “muito esforço” para cumprir o cronograma. Nas conversas desta quinta, Temer reconheceu a necessidade de reorganizar a base antes dessa votação.

O presidente cobrará fidelidade dos partidos governistas e pretende retirar cargos de segundo e terceiro escalões de deputados infiéis. Contudo, para garantir o apoio do PSDB e do PSB, que ficaram rachados na votação, o governo não pretende fazer mudanças na cúpula da Esplanada dos Ministérios.

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Líderes do governo farão uma análise detalhada do mapa de votações. “Precisamos fazer um levantamento para saber o tamanho da base para as votações futuras”, afirmou Beto Mansur (PRB-SP), vice-líder do governo na Câmara.