Por que Bolsonaro ‘brigou’ com o carnaval: reação impulsiva ou estratégia política?

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A grande polêmica da semana foi o compartilhamento pelo presidente Jair Bolsonaro, no Twitter, de um vídeo obsceno gravado durante um bloco carnavalesco de São Paulo. Como ele já havia usado suas redes sociais para alfinetar artistas ligados ao carnaval e era alvo de ironias de escolas de samba e blocos de rua em todo o país, ficou a impressão de que o presidente quis desqualificar toda a folia – buscando associá-la a um comportamento repulsivo. O Podcast República, programa semanal da Gazeta do Povo sobre política nacional, analisou por que Bolsonaro “brigou” com o carnaval.

Os jornalistas Lúcio Vaz, Olavo Soares e André Gonçalves, sob mediação de Fernando Martins, responderem às seguintes questões:a divulgação do vídeo foi uma denúncia legítima de uma prática condenável ou reação impulsiva às críticas que Bolsonaro recebia? Ou ainda, tudo não teria passado de estratégia política para reforçar sua imagem de defensor dos bons costumes e para desviar o foco de discussões impopulares, como a reforma da Previdência?

Para os jornalistas, dois fatores explicam a divulgação do vídeo por Bolsonaro: a reação às críticas e o reforço a sua imagem de político conservador. Isso porque o presidente demonstra não receber bem as críticas que recebe e continua, no governo, a agir fortemente voltado para atender às expectativas de seu eleitor típico.

A hipótese de ter sido uma denúncia legítima foi descartada porque o compartilhamento do vídeo por Bolsonaro só deu visibilidade a um comportamento inadequado que não caracteriza o carnaval como um todo – embora a folia evidentemente tenha excessos. Além disso, a própria Presidência admitiu em nota oficial que a intenção de Bolsonaro não era criticar todo o carnaval. Os jornalistas também avaliaram que a possibilidade de desviar o foco de assuntos como a reforma da Previdência não faz muito sentido, pois esse era um assunto que não estava sendo discutido durante o carnaval e que voltaria a ser discutido tão logo se encerrasse o feriadão.

O Podcast República também avaliou o impacto político do episódio na base aliada de Bolsonaro e na oposição. E se o presidente pode ser alvo de um processo de impeachment por ter divulgado as imagens obscenas.

Os jornalistas da Gazeta do Povo aproveitaram a briga envolvendo Bolsonaro, o carnaval e os cantores Caetano Veloso e Daniela Mercury para discutir a Lei Rouanet. Caetano e Daniela haviam gravado uma canção acusando Bolsonaro de querer acabar com o carnaval. O presidente negou que tenha essa intenção: “A verdade é outra: esse tipo de ‘artista’ não mais se locupletará da Lei Rouanet”.

Outro assunto debatido no podcast foi o posicionamento contrário a Bolsonaro de parte das escolas de samba: o carnaval, enfim, é uma festa da esquerda?

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