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| Foto: MARCOS CORREA PR

No caso de uma terceira denúncia contra Michel Temer, a ministra Cármen Lúcia ou o ministro Dias Toffoli podem assumir a Presidência da República. A atual circunstância política faz até os nomes mais próximos do presidente duvidarem de que, caso apresentada nova acusação, ele se salve. Ano eleitoral, cabeças em jogo, tendência de que a linha de sucessão seja encurtada e acabe direto com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). 

Parece um longo raciocínio. Mas as eleições o explicam facilmente. Na falta do presidente da República, a sequência natural é que assuma o cargo o vice, seguido dos presidentes da Câmara, Senado e, então, do STF. 

Temer é originalmente o vice e, ao assumir o lugar de Dilma Rousseff, o país ficou sem ninguém no cargo. Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Eunício Oliveira (MDB-CE), chefes, respectivamente, da Câmara e do Senado, seriam os sucessores. Mas estão em plena campanha eleitoral e, por isso, não podem assumir essa responsabilidade. 

Sobraria, portanto, para Cármen Lúcia, atual presidente do Supremo, ou para Dias Toffoli que, em setembro, assume a vaga. 

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Possível terceira denúncia contra Temer

Claro que a terceira denúncia contra Temer não é uma realidade concreta. E pode nem vir a ser. Depende da Procuradoria-Geral da República (PGR). A Polícia Federal tem até 6 de julho para concluir o inquérito que investiga se Michel Temer favoreceu empresas portuárias. Foi o prazo concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, que estendeu por mais 60 dias as investigações. 

A procuradora-geral, Raquel Dodge, pode definir a questão a qualquer momento. Ciente disso, o presidente autorizou emissários e conversar com a PGR, para avaliar a situação. 

Nova denúncia pode derrubar Temer

A conclusão do Planalto é que Temer não sobreviveria a uma terceira denúncia. O Congresso já negou duas: a primeira, por corrupção passiva; a segunda, por obstrução de Justiça e formação de quadrilha. Ao deixar a Presidência, Temer deve responder às acusações. 

As eleições também são a explicação para isso. O presidente, com sua péssima avaliação, tem sido deixado de lado por aliados. As defesas, nas raras vezes que ainda ocorrem, são cada vez menos incisivas. Os problemas no governo têm feito com que inúmeros integrantes da base governista tentem um afastamento de qualquer relação com o emedebista e sua gestão. É a proximidade das eleições. Na Câmara, os 513 deputados devem tentar se eleger a algum cargo neste ano. E não podem "se queimar" com o eleitorado. 

"Do jeito que está, é um absurdo esse cara estar na Presidência ainda. Tem que vir a terceira denúncia, tirá-lo de lá", afirmou um deputado que apoiou o impeachment de Dilma, defendeu Temer em seus primeiros momentos no Planalto, mas agora é crítico contumaz do governo. 

"O país não pode viver mais 6 meses desse jeito. É preciso que Temer saia, que saia toda essa corrupção e esse populismo que vemos", disse outro congressista. 

O Congresso poderia, se desejasse, tirar Temer de sua cadeira por meio de um processo de impeachment. Mas a tramitação é longa. E, nesse caso, os parlamentares optam por permanecer com uma certa "segurança institucional". "Parece contraditório. Não queremos um impeachment dele. Achamos que o desgaste é grande. Mas uma terceira denúncia o derrubaria, com certeza", avaliou um deputado que, publicamente, permanece fiel a Temer, mas evita expor isso em sua base aliada e a seus eleitores.

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