| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi informado de que as negociações de seu acordo de delação foram suspensas pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Cunha, que está preso há dez meses no Complexo Médico Penal, em Pinhais (PR), recebeu a notícia depois que seus advogados foram informados oficialmente pelos procuradores de que não havia qualquer possibilidade do acordo do político evoluir.

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Pessoas que estiveram com Cunha após o episódio relatam que ele não se exaltou ao receber a notícia. Os advogados do peemedebista estudam a possibilidade de insistir na delação após a troca do procurador-geral da República. No dia 17 de setembro, Rodrigo Janot, que ocupa o cargo, será substituído por Raquel Dodge, nomeada para o cargo pelo presidente Michel Temer.

Segundo envolvidos nas tratativas, o principal motivo da suspensão das conversas seriam os temas pouco consistentes oferecidos pelo ex-deputado. Os investigadores vinham insistindo para que Cunha apresentasse informações sobre uma conta ou um trust em paraíso fiscal que pudesse ter ligação direta com Temer.

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Outra condição para que as negociações evoluíssem era que Cunha entregasse fatos ilícitos envolvendo aliados, como os deputados do centrão – bloco político que o ajudou a se eleger presidente da Câmara em 2015 e que foi determinante para o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff em 2016.

Foco nos inimigos

Um das principais críticas dos investigadores é que desde que o ex-deputado começou a negociar seu acordo, há cerca de três meses, ele focou somente em temas espinhosos para seus inimigos e tentou reduzir danos em relação aos aliados.

O rascunho de delação de Cunha chegou a ter cerca de 100 anexos e mirou nomes como o secretário-geral da Presidência, Moreira Franco, e o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. Também estavam na proposta de delação o lobista e ex-conselheiro da Toyo Setal, Júlio Camargo, e o lobista Fernando Soares, o Baiano. Ambos delataram Cunha em seus acordos com a Procuradoria.

Como as conversas travaram, a defesa de Cunha e a PGR nem chegaram à fase de discussão de benefícios, no entanto, os procuradores já haviam sinalizado que o desejo do político de sair no fim do ano não seria atendido.

Desde que representantes de Cunha buscaram os procuradores para uma negociação, grande parte da força-tarefa de Curitiba se posicionou contra a tratativa. Integrantes do grupo relataram à reportagem que ele era o chefe de uma organização e que não fazia sentido dar qualquer tipo de benefício ao cabeça do grupo.

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