| Foto: Daniel Caron/Gazeta do Povo

Para concorrer à Presidência da República em 2018, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisa torcer para que o julgamento do caso do tríplex no Guarujá (SP) no Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) aconteça somente depois das eleições. Ou que seja absolvido no processo, embora as chances de isso ocorrer sejam muito remotas, de acordo com estudo do economista Pedro Fernando Nery.

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Ele analisou 95 votações de processos da Lava Jato na 8.ª Turma do TRF-4 e chegou à conclusão de que a absolvição dos réus em segunda instância “parece improvável”. Se for condenado antes da corrida eleitoral pelos desembargadores da “República de Porto Alegre”, como Nery chamou o colegiado do tribunal, Lula ficará inelegível com base na Lei da Ficha Limpa.

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“Para qualquer processo que vem da primeira instância a tendência é essa, um tribunal [TRF-4] que se posiciona ainda mais distante dos réus do que a própria [13ª] Vara [da Justiça Federal de Curitiba] do juiz Moro”, diz o economista.

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Nery concluiu que a 8.ª Turma é relativamente coesa e os desembargadores não apresentam votos muito discrepantes entre si. O tribunal, porém, tende a tomar decisões mais próximas ao Ministério Público Federal (MPF) do que aos réus e ao juiz Sergio Moro, responsável pelas sentenças em primeira instância. Isso explica, por exemplo, a tendência do TRF-4 em pesar mais a mão e geralmente aumentar as sentenças impostas por Moro.

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O estudo identificou, ainda, que o desembargador Leandro Paulsen tende a ser o voto decisivo nos julgamentos, por ser o magistrado com posições medianas. Enquanto isso, Victor Laus tende a se posicionar mais a favor dos réus e João Pedro Gebran Neto, o relator da Lava Jato na Corte, tende a tomar decisões mais distantes de Moro – ora em favor do réu e ora em favor do MPF.

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Entenda o caso

Lula foi condenado em primeira instância a 9 anos e seis meses de prisão no processo envolvendo a posse do tríplex no Guarujá. O magistrado entendeu que o ex-presidente recebeu o imóvel como propina da empreiteira OAS por contratos com a Petrobras. Lula foi condenado por lavagem de dinheiro e corrupção.

A condenação de Moro, porém, não é suficiente para tirar o petista da disputa pela Presidência da República em 2018. Para cair na lei da Ficha Limpa, Lula precisa ser condenado em segunda instância. O presidente do TRF-4, Carlos Eduardo Thompson Flores, já afirmou que o tribunal deve analisar a situação de Lula antes das eleições do ano que vem.

Mesmo assim, o PT trabalha com uma série de possibilidades para que Lula concorra – e tome posse, caso eleito – mesmo condenado em segunda instância.

O petista também responde a outros seis processos em primeira instância, em Curitiba e Brasília, por crimes investigados pelas operações Zelotes e Lava Jato. Nenhum deles teve sentença por enquanto.

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