| Foto: GUSTAVO LIMA/AGÊNCIA CÂMARA

Eleito como representante do Movimento Brasil Livre (MBL), o vereador paulistano Fernando Holiday (DEM) está fazendo visitas de surpresa em escolas da rede municipal para, segundo ele, fiscalizar o conteúdo das aulas “contra ideologias partidárias”. A ação, no entanto, parece ter como objetivo um partido e um movimento social específicos: o PT e o MST.

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Num vídeo publicado em sua página oficial na internet, ele justifica a atitude: “Temos de ver se está tendo algum tipo de doutrinação ideológica, se os professores estão dando aquilo que realmente deveriam dar de acordo com a grade curricular ou se tem professor entrando com camisa do PT, do MST, jogando tudo pro alto e fazendo aquela doutrinação porca”.

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Ao GLOBO, Holiday disse que pais de alunos se queixam de professores “utilizando seu tempo de aula para fazer propaganda político-partidária”, além da má conservação do espaço, e que por isso resolveu fazer as visitas.

“Procurei a direção de escolas e a coordenação pedagógica e pedi que me apresentassem o conteúdo das aulas administradas. Fiz baseado no artigo 23 da nossa Lei Orgânica , que diz que eu posso, sim, entrar em órgão público mas respeitando os professores. Não estou exigindo documentação, apenas quis tirar dúvidas quanto ao conteúdo das aulas — disse ele.

A atitude do vereador criou polêmica. Sem citar o nome de Holiday, a Secretaria Municipal de Educação informou que é da Prefeitura, por meio da pasta, a responsabilidade por implementar e acompanhar a execução da política educacional no município. “Qualquer notificação de eventuais irregularidades ou procedimentos contrários aos princípios acima descritos devem ser notificados à secretaria para a análise pelos órgãos competentes”.

Em nota, o Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo (Sinpeem) informou que Holiday “investiu contra o direito de cátedra dos profissionais de educação, assediando moralmente e cometendo crime de abuso de poder e autoridade”.

O órgão afirmou ainda esperar providências da Câmara Municipal de São Paulo e do Ministério Público sobre a atitude do vereador. O Sinpeem frisou ainda que “agirá judicial e politicamente contra a ação tresloucada e irresponsável do vereador”.

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“Todo parlamentar tem direito de fiscalizar os atos do município e é preciso respeitar essa função. Precisamos saber se houve excesso do vereador. Se houve, medidas cabíveis serão tomadas”, disse Milton Leite, também do DEM, presidente da Câmara Municipal de São Paulo.