Governador Tarcísio de Freitas e ministro Waldez Góes afirmam que alertas de risco por SMS não tem mais efetividade.| Foto: Sebastião Moreira/EFE
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As mais de 30 mil mensagens enviadas por SMS aos moradores de cidades do litoral Norte de São Paulo, informando sobre os riscos de deslizamentos de encostas no final de semana, não tiveram efetividade de acordo com o governador do estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e com o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes.

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As afirmações foram dadas no começo da tarde desta quinta (23) em São Sebastião, onde as buscas por sobreviventes entraram no quinto dia e já somam 49 mortos, 40 desaparecidos e mais de 3,5 mil desabrigados ou desalojados.

As chuvas do último final de semana já provocaram a decretação de estado de calamidade em seis cidades da região: Guarujá, Bertioga, São Sebastião, Caraguatatuba, Ilhabela e Ubatuba. Até agora, os governos federal e estadual já desembolsaram R$ 60 milhões em despesas nos trabalhos de buscas e estabilização da região, e projetam mais R$ 50 a 60 milhões em novos desembolsos da Defesa Civil.

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A dificuldade em conseguir alertar os moradores e visitantes que estavam nesta região da Baixada Santista vinha sendo um dos pontos de maior discussão nos últimos dias entre as causas da tragédia, a que Tarcísio de Freitas diz que não se consegue mais ter efetividade apenas com o envio de mensagens de SMS.

“Foram disparados 2,6 milhões alertas antes da chuva que nós tivemos agora, via SMS, e vimos que isso eventualmente não tem a maior efetividade. Aqui no litoral, mais de 30 mil pessoas receberam o SMS de alerta”, disse.

Constatação semelhante à de Waldez Góes, que diz que os alertas dos temporais foram emitidos para todo o estado, mas que faltou um aviso específico para a região.

“As pessoas estão num ritmo na vida que se não tiver um sistema local de sirenes, de educação, da comunidade, tenham essa consciência que na hora que tocar a sirene precisam sair, e ninguém pode ter resistência. Só o esforço da Defesa Civil e dos meios de comunicação, a gente percebe que não resolve”, afirmou.

Governos estudam soluções para alertar moradores

Entre as soluções que estão em discussão está a possibilidade de se fazer uma parceria com empresas de telefonia para buscar uma alternativa que torne o sistema de alertas mais efetivo do que apenas um disparo em massa de mensagens de SMS. Segundo Tarcísio de Freitas, esse é um trabalho que vai depender de conversas com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e, provavelmente, a edição de um projeto de lei.

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“Todo mundo tem celular hoje, está altamente democratizado. Mas, o sistema de alarme via celular não está funcionando. Por lei federal, as telefônicas têm obrigação de fornecer o alerta. Mas, a lei não estabelece como. A ideia é que a gente utilize um sistema de broadcasting, vamos ver como isso pode ser operacionalizado”, afirmou sem dar mais detalhes.

De imediato, segundo o governador, serão instaladas sirenes nas áreas de risco e a devida capacitação e treinamento dos moradores para saberem para onde ir em caso de aviso. “E ter confiança que o suprimento vai chegar naquele ponto de apoio, que o patrimônio dele vai estar protegido”, disse.

O governador de São Paulo disse, também, que os radares meteorológicos que operam no país “são antigos”, em geral, e os que estão instalados no estado vão ser atualizados, com a substituição por equipamentos mais modernos que detectem os fenômenos mais rapidamente. Tarcísio afirmou, ainda, que mais aparelhos serão instalados na região litorânea.

O ministro Waldez Góes afirmou, ainda, que esse trabalho de melhoria dos alertas deve ser estendido para todas as regiões do país que têm áreas com riscos de deslizamentos. Segundo ele, são mais de 14 mil pontos onde vivem quatro milhões de pessoas.

“Temos que hierarquizar essas áreas e começar junto com os municípios para estruturar esses sistemas de alertas locais. Agora, não basta só o sistema, tem que ter todo um processo de preparação da comunidade”, disse.

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Reconstrução de casas deve começar em breve

Os primeiros projetos de recuperação dos estragos causados pelas chuvas do final de semana já começaram a ser enviados ao ministério, sendo o primeiro deles de reconstrução de residências em São Sebastião. Há, ainda, um projeto em andamento para a construção de 580 moradias populares em três bairros da região que devem ser disponibilizadas pelo programa Minha Casa Minha Vida.

“Já temos uma área reservada na Vila Sahy, uma área plana que entra agora na fase final de estudos, que já estava documentada para receber 180 unidades. Temos uma outra área para receber 220 unidades no bairro de Maresias, e uma terceira área no bairro da Topolândia, que foi vítima desses escorregamentos, para mais cerca de 180 unidades”, detalhou Felipe Augusto, prefeito da cidade.

O governador Tarcísio de Freitas disse que a reconstrução das moradias deve ocorrer de modo a retirar as pessoas das áreas de riscos. “Será uma experiência social para, se a gente tiver êxito, poder replicar em outros locais”, disse lembrando que tem sido questionado por moradores que perderam suas residências sobre o que será feito a partir de agora.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]