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Reunião do presidente Jair Bolsonaro com ministros em 22 de abril de 2020. Segundo o ex-ministro Sergio Moro, vídeo do encontro teria provas de que presidente tentou interferir na Polícia Federal.
Reunião do presidente Jair Bolsonaro com ministros em 22 de abril de 2020. Segundo o ex-ministro Sergio Moro, vídeo do encontro teria provas de que presidente tentou interferir na Polícia Federal.| Foto: Marcos Correa/PR

Neste sábado (23), mais mensagens trocadas entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro da Justiça Sergio Moro vieram a público. No dia 22 de abril - mesma data da reunião ministerial que teve o vídeo divulgado pelo Supremo Tribunal Federal nesta sexta-feira, 22 de maio - o presidente avisou Moro que o então diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, seria demitido.

“Moro, Valeixo sai esta semana”, escreveu Bolsonaro às 6h26 daquele dia, conforme mensagens a que o Estadão teve acesso e que constam no inquérito do STF que investiga supostas tentativas de interferência do presidente na PF. “Está decidido. Você pode dizer apenas a forma. A pedido ou ex oficio (sic)”, digitou o presidente.

Moro respondeu alguns minutos depois dizendo que preferia conversar pessoalmente sobre o assunto e que estava à disposição. "Presidente, sobre esse assunto precisamos conversar pessoalmente. Estou ah disposição para tanto (sic)”.

A demissão de Moro

Dois dias depois da troca de mensagens acima, o ex-juiz da Lava Jato pediu demissão do Ministério da Justiça e Segurança Pública. A saída foi desencadeada justamente pela troca na diretoria-geral da Polícia Federal, que gerou divergências entre Moro e o presidente Jair Bolsonaro. Moro acusou Bolsonaro de interferência política na corporação.

O decreto que oficializou a saída de Valeixo da direção da PF foi publicado no Diário Oficial da União no dia 24 de abril como se a demissão fosse a pedido, incluindo a assinatura de Moro. O ex-ministro negou que tenha assinado a demissão de Valeixo. O então diretor-geral da PF também teria sido surpreendido.

"Isso foi uma sinalização de que o presidente me quer fora do cargo", disse Moro no dia da saída. "Tenho que preservar a minha biografia", completou.

“O presidente me disse mais de uma vez, expressamente, que ele queria ter uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse ligar, que ele pusesse colher informações, que ele pudesse colher relatórios de inteligência. Não é o papel da PF prestar esse tipo de informação”, disse Moro. “O presidente tinha preocupação com inquéritos em curso no STF e a troca seria oportuna da PF por esse motivo. Também não é razão que justifique a substituição, é algo que gera grande preocupação”, afirmou o ministro.

Celular de Bolsonaro

As mensagens trocadas entre Bolsonaro e Moro podem estar relacionadas a um pedido do relator do inquérito no Supremo, ministro Celso de Mello. Ele pediu nesta sexta (22) que a Procuradoria-Geral da República (PGR) avalie a apreensão do celular de Bolsonaro.

A demanda foi classificada pelo general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), como “inacreditável e inconcebível” e  uma “interferência inadmissível de outro Poder”. Às 16h58, decano do Supremo enfim liberou a íntegra da decisão e o vídeo.

Na primeira entrevista após a divulgação dos vídeos da reunião ministerial do dia 22 de abril, o presidente Jair Bolsonaro criticou a retirada do sigilo da quase totalidade da filmagem e reafirmou que não há qualquer prova de interferência por parte dele na PF.

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