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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chorou ao deixar o hospital DF Star, na manhã deste domingo (4), após 22 dias de internação por complicações intestinais. Ao abraçar uma apoiadora identificada como “Irmã Ilda”, Bolsonaro pediu anistia para os condenados pelos atos de 8 de Janeiro e criticou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
“O que mais nos dói no coração é que são pessoas inocentes presas por até 17 anos de cadeia”, afirmou. Ele citou o caso de Débora Rodrigues, uma das condenadas, e questionou: “A Polícia Federal vai lá pegar a Débora e deixar dois filhos chorando para trás, para ela cumprir o restante dos 14 anos de prisão?”.
Bolsonaro comparou a situação com decisões recentes do governo federal, como a concessão de asilo à ex-primeira-dama peruana Nadine Heredia, condenada por corrupção. “É humanitário o acolhimento da primeira-dama do Peru por corrupção, e a condenação de Débora com duas crianças pequenas em casa? Mas a história vai fazer justiça por ela”, disse.
Ao comentar sua defesa no inquérito do 8 de Janeiro, Bolsonaro declarou que só recentemente teve acesso completo aos autos. “O Sr. Alexandre de Moraes falou que agora entregou tudo para nós. Então tivemos que fazer nossa defesa sem tudo. Queria saber por que ele me vincula ao 8 de Janeiro, uma vez que eu estava nos Estados Unidos”, afirmou.
“Logo a esquerda, que é contra [a anistia], foi anistiada por dezenas de vezes. Não adianta alguém falar que anistia é perdão e dizer que o que aconteceu é imperdoável. Não teve uma gota de sangue, arma de fogo, nada.”
Mais cedo, Bolsonaro havia publicado em suas redes sociais que seu “próximo desafio” será acompanhar a Marcha Pacífica da Anistia Humanitária na próxima quarta-feira, de 7 de maio, com início às 16h da Torre de TV até o Congresso, em Brasília.
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Recuperação da cirurgia demorará três meses
Internado desde 12 de abril, o ex-presidente passou por cirurgia no dia 13 para desobstrução intestinal e reconstrução da parede abdominal. Segundo boletim médico divulgado neste domingo, ele seguirá a recuperação em casa por três a quatro semanas, com sessões de fisioterapia e dieta pastosa. A recomendação médica inclui evitar aglomerações e atividades físicas intensas.
Desde o atentado que sofreu em 2018, quando foi esfaqueado durante a campanha eleitoral, Bolsonaro passou por dez cirurgias, sete delas relacionadas ao ferimento no abdômen. Em 2021, foi internado após ser diagnosticado com suboclusão intestinal.