Bolsonaro cancelou viagem a Nova York alegando “ideologização ” do evento que o premiaria.| Foto: Evaristo Sá/AFP

Aliados do presidente Jair Bolsonaro (PSL) se solidarizaram com o chefe do Planalto depois de manifestações irônicas do prefeito de Nova York, Bill de Blasio, no sábado (4). Via Twitter, o político norte-americano comemorou o cancelamento da viagem de Bolsonaro a Nova York, onde o brasileiro receberia o prêmio "Pessoa do Ano", organizado pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos.

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O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o vice de Bolsonaro, Hamilton Mourão, também utilizaram a rede social para sair em defesa do brasileiro.

“O prefeito de NYC critica a intolerância de Jair Bolsonaro mas age da mesma forma. Discordo em muitas coisas do presidente Bolsonaro na agenda de valores mas não há saída para os nossos desafios sem diálogo e respeito", escreveu o presidente da Câmara.

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O desagravo público de Maia vem em um momento de melhora no clima entre os chefes da Câmara e do Planalto. Após farpas trocadas publicamente, algumas arestas foram aparadas nas últimas semanas.

Assim como Maia, Mourão também saiu em defesa do presidente brasileiro. “O prefeito @BilldeBlasio surpreende quem tem Nova York como a cidade que universalmente acolhe pessoas de todas as origens, culturas, crenças e opiniões. Ufano, ataca @jairbolsonaro sem conhecê-lo e ofende todo o Brasil, que é representado, democraticamente, por seu Presidente”, escreveu o vice.

Ataques

Bill de Blasio tinha dito que os "nova-iorquinos não fecham os olhos para a opressão" e "nós expusemos sua intolerância". "Ele (Jair Bolsonaro) correu. Não fiquei surpreso - valentões geralmente não aguentam um soco", tuitou o prefeito da cidade. Em outra postagem, ele disse que Bolsonaro ataca os "direitos LGBTQ e seus planos são destrutivos para o nosso planeta".

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O senador Brad Hoylman também chamou de "vitória" o cancelamento da viagem presidencial. "Enfrentamos o presidente homofóbico do Brasil Jair Bolsonaro e vencemos. De acordo com as notícias brasileiras, ele se retirou do evento no Marriott Marquis e cancelou sua viagem aos EUA. O ódio não tem casa em Nova York."

Desistência

O cancelamento da viagem de Bolsonaro a Nova York, segundo o porta-voz da Presidência da República, Otávio do Rêgo Barros, se deve a protestos. Bolsonaro iria pessoalmente receber o prêmio Pessoa do Ano, no próximo dia 14. Além de críticas de Bill de Blasio, o Museu de História Natural de Nova York havia se recusado a sediar o evento.

Ao longo da semana, algumas empresas retiraram o patrocínio à premiação após pressão de ativistas de direitos LGBTQ e ligados a minorias, que pediam boicote à premiação. Algumas empresas decidiram deixar de patrocinar o evento.

"Em face da resistência e dos ataques deliberados do prefeito de Nova York e da pressão de grupos de interesses sobre as instituições que organizam, patrocinam e acolhem em suas instalações o evento anualmente, ficou caracterizada a ideologização da atividade", disse Rêgo Barros.