O presidente Jair Bolsonaro deposita flores em Jerusalém em homenagem às vítimas do Holocausto. Foto: Gali Tibbon/AFP| Foto:

Depois de visitar nesta terça-feira (2), o Yad Vashem, o Centro de Memória do Holocausto, em Jerusalém, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, disse concordar com o chanceler Ernesto Araújo em relação à avaliação de que o nazismo foi um movimento de esquerda.

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"Não há dúvida", resumiu a jornalistas quando questionado sobre o assunto em sua última agenda oficial durante a viagem que teve início no domingo. O presidente então continuou: "Partido Socialista..., como é que é? Partido Nacional-Socialista da Alemanha", pontuou.

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A afirmação do presidente, no entanto, contradiz o próprio museu visitado por ele, que diz em seu site que o Partido Nazista da Alemanha era um entre vários "grupos radicais de direita".

Inicialmente, a visita de Bolsonaro ao centro de memória também movimentou o Twitter, não pela visita em si, mas pela publicação recente do chanceler Ernesto Araújo de que o nazismo "foi um movimento de esquerda", agora ecoada pelo presidente.

A publicação de um vídeo da visita de Bolsonaro ao museu inflamou a discussão entre críticos e apoiadores do governo, bem como a discussão sobre o nazismo estar à esquerda ou à direita no espectro político. A movimentação tornou Holocausto uma das expressões mais citadas no Twitter do Brasil.

Nazismo de esquerda: o que pensam os analistas?

Para o historiador Marcos Guterman, o nazismo não pode ser qualificado como de esquerda em nenhuma circunstância. Em geral, quem usa esse discurso se vale do nome da legenda nazista: Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães. Há grupos na internet que costumam reproduzir essa ideia.

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“Mas é outro contexto. Não tem nada a ver com o socialismo marxista. Tem a ver com o sentido da totalidade da sociedade alemã”, afirmou Guterman.

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Para o historiador, se trataria de uma argumentação insustentável cujo único objetivo seria o de mobilizar a militância. “Ele está respondendo a um pensamento do eleitor.” Em entrevista à Deustche Welle no ano passado, o embaixador da Alemanha no Brasil, Georg Witschel, chegou a afirmar que essa discussão “não tinha base honesta”.

O professor alemão Oliver Stuenkel, da área de relações internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), diz que a afirmação faria parte do “submundo das conspirações”. Para Stuenkel, a argumentação traz constrangimento, mas há o entendimento de que ela não representa a totalidade do governo.