Bolsonaro minimizou embate de Eduardo contra Tarcísio e disse que tem o “poder” para negociar o fim do tarifaço com Trump.| Foto: Alan Santos/PR
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) minimizou nesta terça-feira (15) o impasse entre seu filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em razão do tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil.

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“Hoje foi botada uma pedra em cima. Conversei com Eduardo e conversei com o Tarcísio. E tá tudo pacificado. Tarcísio continua sendo meu irmão mais novo e vamos em frente. Não podemos dividir. O Tarcísio é um tremendo de um gestor […] nada de crítica para ele, se tiver, é por telefone pessoal”, disse Bolsonaro em entrevista ao Poder360 nesta tarde.

Sem o aval da família Bolsonaro, Tarcísio se reuniu duas vezes com o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, e empresários na tentativa de negociar uma saída para a taxação de 50% sobre os produtos brasileiros. Nas redes sociais, Eduardo classificou a articulação do governador como “subserviência serviu às elites”.

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“Prezado governador Tarcísio de Freitas, se você estivesse olhando para qualquer parte da nossa indústria ou comércio estaria defendendo o fim do regime de exceção que irá destruir a economia brasileira e nossas liberdades”, disse.

O deputado licenciado defende que a medida de Trump seja usada para forçar o Congresso pela aprovação de uma anistia “ampla, geral e irrestrita” a todos os envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. A medida beneficiaria Bolsonaro, que é réu por suposta tentativa de golpe de Estado em 2022.

“O que o Trump procura é uma paridade nas taxações. Nós taxamos o que vem de lá pra cá, em média, em 60%”, apontou Bolsonaro. Ele também criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por “provocar” o líder americano.

“Sou apaixonado por Trump”, diz ex-presidente

Ao contrário do filho, Bolsonaro negou que o fim do tarifaço esteja condicionado à anistia, mas disse que tem o “poder de resolver esse assunto” junto a Trump. O passaporte do ex-mandatário foi apreendido pela Polícia Federal em fevereiro de 2024 durante a Operação Tempus Veritatis. Desde então, ele está proibido de deixar o país.

Na semana passada, Tarcísio teria tentado convencer o Supremo Tribunal Federal (STF) a autorizar uma viagem de Bolsonaro aos Estados Unidos para negociar diretamente com Trump uma resolução para o impasse das tarifas. A atuação do governador foi revelada pela colunista Mônica Bergamo, no jornal Folha de S. Paulo.

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Durante a entrevista ao Poder360, Bolsonaro voltou a declarar sua admiração pelo presidente americano. “O que passa na cabeça do Trump eu não sei. Ele é imprevisível. Eu gosto dele. Eu sou apaixonado por ele. Sou apaixonado pelo povo americano, pela política americana, pelo país que os Estados Unidos são. Nunca neguei isso desde o meu tempo de garoto. O Trump sempre soube disso e ele me tratava como irmão”, afirmou.

Bolsonaro é honesto, mas “não é como um amigo meu”, afirma Trump

Mais cedo, Trump afirmou mais cedo que Bolsonaro “não é como um amigo”, mas voltou a criticar a investigação do STF contra o ex-presidente. "O presidente Bolsonaro não é um homem desonesto. Ele ama o povo do Brasil. Ele lutou muito pelo povo do Brasil. Ele negociou acordos comerciais contra mim pelo povo do Brasil e foi muito duro", disse o republicano.

"Eu acredito que é uma caça às bruxas e não deveria estar acontecendo. Não é que […] Olha, ele não é como um amigo meu, ele é alguém que eu conheço. E eu o conheço como um representante de milhões de pessoas. Os brasileiros são ótimas pessoas", acrescentou.

Bolsonaro diz que Gonet tinha “boa fama”, mas mudou

O ex-presidente criticou o procurador-geral da República, Paulo Gonet, por pedir sua condenação na ação penal do suposto plano de golpe. Segundo Bolsonaro, a indicação de Gonet por Lula o surpreendeu, pois o procurador é “cristão” e tinha “boa fama”.

“É uma vergonha esse processo, esse relatório do nosso querido Paulo Gonet. Quando o Paulo Gonet foi escolhido, lá atrás, não tinha problema nenhum e falei: ‘Poxa, o Lula errou, porque está botando uma pessoa que é cristão, que tem boa fama’. Parece que ele mudou de ideia”, disse.

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Para o ex-mandatário, o 8 de janeiro foi uma “baderna que saiu do controle”. Ele afirmou que o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo, “sequestrou o STF” e “faz o que bem entende”.

“Eu tenho que me defender do que não fiz. Eu tenho que provar que sou inocente e não eles que eu sou culpado […] Cadê o devido processo legal? Lula foi julgado na 13ª Vara Federal de Curitiba. Por que eu sou no Supremo? E mesmo que fosse no Supremo seria [julgado] pelo plenário”, criticou.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]