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Jair Bolsonaro
Ex-presidente esteve na PF em diferentes investigações, como tentativa de golpe de Estado, vacinação contra a Covid e presentes sauditas.| Foto: André Borges/EFE

O ex-presidente Jair Bolsonaro já prestou cinco depoimentos à Polícia Federal em diferentes investigações desde que deixou a Presidência da República, no final do ano de 2022, além do que prestará na tarde desta quinta (22). Há, ainda, uma convocação marcada para o dia 27 por “importunação” a uma baleia durante um passeio de moto aquática em São Sebastião (SP) no ano passado.

Os depoimentos à PF ocorreram entre abril e outubro de 2023 em meio às investigações sobre o kit de joias e presentes recebidos da Arábia Saudita (duas vezes), a postagem que fez no Facebook em 10 de janeiro de 2023 questionando a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a apuração sobre a adulteração em seu cartão de vacinação contra a Covid-19, e as supostas mensagens golpistas enviadas por empresários que defendiam um golpe de Estado e a ruptura democrática.

Este último caso tem ligação com o que levou Bolsonaro a ser convocado novamente nesta quinta (22) após a Polícia Federal ter colhido novas provas supostamente envolvendo ele, ex-ministros, ex-assessores e militares. O ex-presidente e aliados foram alvos da Operação Tempus Veritatis, deflagrada há cerca de duas semanas em que apontou a suposta existência de um grupo que trabalhava para promover um golpe de Estado para mantê-lo no poder e impedir a posse de Lula no início de 2023.

Veja abaixo quando foram os depoimentos de Bolsonaro à Polícia Federal e as circunstâncias de cada investigação:

Tentativa de golpe de Estado

Em 18 de outubro de 2023, Bolsonaro se calou e a defesa dele entregou um depoimento por escrito à PF na investigação sobre um grupo de empresários que supostamente defendiam um golpe de Estado e a ruptura democrática em um grupo de WhatsApp.

Na época, os advogados dele questionaram a competência do Supremo Tribunal Federal (STF) para julgar o caso, já que nenhum dos envolvidos tinham foro privilegiado. Dois meses antes, o ministro Alexandre de Moraes arquivou as investigações contra seis empresários que faziam parte do grupo.

O tema, no entanto, voltou à tona neste ano após a Polícia Federal apontar a existência de um grupo formado pelo ex-presidente, ex-ministros, ex-assessores, aliados e militares que se reuniu em julho de 2022 para supostamente articular um golpe para mantê-lo no poder, com a aproximação da eleição presidencial que acabou vencida por Lula.

A investigação ganhou corpo após a descoberta de uma suposta minuta para decretar estado de sítio no Brasil e a convocação de novas eleições, além de prender os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes e o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Segundo a PF, Bolsonaro teve conhecimento do documento e ainda pediu alterações no texto que não avançou por, entre outros motivos, não ter tido o apoio de parte do Exército – comandantes foram pressionados e hostilizados.

Este caso levou à convocação de depoimento dos envolvidos, que serão ouvidos simultaneamente pela Polícia Federal às 14h30.

Joias dadas de presente pela Arábia Saudita

Já em 5 de abril e 31 de agosto de 2023, Bolsonaro depôs à Polícia Federal na investigação que apura o recebimento de kits de joias dados de presente pelo governo da Arábia Saudita e que não teriam sido declarados ao Patrimônio. A apuração surgiu após ser revelado que um conjunto avaliado em quase R$ 17 milhões foi apreendido pela Receita Federal no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos (SP), e que o ex-presidente tentou retirar sem registro.

O andamento da investigação levou à deflagração da Operação Lucas 12:2 em agosto, que descobriu que aliados de Bolsonaro teriam supostamente tentado vender alguns dos presentes nos Estados Unidos. Além de Bolsonaro, a primeira-dama Michelle Bolsonaro e outras pessoas prestaram depoimento – o casal, no entanto, se manteve em silêncio.

Dias depois, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, fechou um acordo de delação premiada com a Justiça se comprometendo a revelar o que sabia sobre as joias, a adulteração do cartão de vacinação de Bolsonaro e a suposta minuta para decretar um estado de sítio no país.

Adulteração do cartão de vacina

Em 16 de maio do ano passado, Bolsonaro foi ouvido pela Polícia Federal no âmbito da investigação que apurou uma adulteração em seu cartão de vacinação contra a Covid-19, em que Mauro Cid falsificou o registro para facilitar a entrada dele e de familiares nos Estados Unidos, país que exigia a imunização de estrangeiros durante a pandemia.

Bolsonaro afirmou que desconhecia tal adulteração, e a Controladoria-Geral da União (CGU) concluiu, em janeiro, que o certificado registrado era realmente falso.

Postagem nas redes sociais após atos de 8/1

Por fim, no dia 26 de abril de 2023, Bolsonaro prestou depoimento à PF no âmbito das investigações dos atos de 8 de janeiro que levaram à invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília. Ele foi convocado pela autoridade por ter postado nas redes sociais um vídeo dois dias depois da manifestação que terminou em quebradeira, em que questionava a vitória de Lula na eleição presidencial de 2022.

O ex-presidente passou então a ser investigado pelo STF por uma suposta incitação a crimes contra o Estado democrático de Direito. A defesa de Bolsonaro afirmou, no entanto, que a postagem foi “acidental” e que ele “consignou que é uma página virada as eleições de 2022”, tendo inclusive efetuado a transição de governo “a partir do momento da derrota”.

“Em momento algum você vai encontrar alguma declaração dele declinando que a eleição tenha sido fraudada. Em momento algum isso é falado”, afirmou o advogado Paulo Amador da Cunha Bueno na época.

O advogado Fabio Wajngarten, que faz as vezes de porta-voz de Bolsonaro, afirmou que ele estava sob o efeito de medicamentos e postou o vídeo sem querer, deletando-o assim que foi alertado.

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