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Bolsonaro
Ex-presidente Jair Bolsonaro terá processo que pode levá-lo à inelegibilidade retomado nesta terça pelo TSE.| Foto: Isaac Fontana/EFE

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que terá o julgamento que pode torná-lo inelegível retomado nesta terça (27) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), diz que os magistrados julgam “de acordo com a cara do freguês”, e que a jurisprudência de 2017, que absolveu a chapa Dilma-Temer, “já não vale”.

As declarações foram dadas em uma entrevista publicada pelo jornal Folha de São Paulo, em que o ex-presidente disse ainda que não vai se “desesperar” caso o TSE o condene à inelegibilidade, que ele diz ser uma “tendência” do que vai acontecer. “O que todo mundo diz [...] que é possível, é”, afirmou.

“O Michel Temer, quando era presidente da República, em 2017, foi julgado no TSE e foi mantido no cargo, com voto de minerva do ministro Gilmar Mendes. Que disse, na época, que a Justiça Eleitoral não existe para cassar o mandato de ninguém. Muito menos de presidentes”, disse Bolsonaro.

Bolsonaro diz que a ação, inclusive, não deve ter nenhum pedido de vista, que é quando um ministro requer um tempo a mais para analisar o processo, já que os outros magistrados teriam sido enquadrados por Alexandre de Moraes, relator da ação no TSE.

Ele ainda criticou a alegação de que teria atacado o sistema eleitoral brasileiro na reunião com embaixadores realizada em julho do ano passado no Palácio da Alvorada, que levou à ação do PDT ao TSE. Segundo o ex-presidente, querem puni-lo pelo “conjunto da obra”, incluindo os atos de 8 de janeiro, que ainda estão em investigação.

“Na reunião com embaixadores eu não ataquei o sistema eleitoral. Eu mostrei como é o sistema eleitoral. Eu perguntei ‘alguém tem esse sistema no seu país?’ Não tem. A Alemanha já adotou. E depois viu que não era confiável. Tem certos absurdos [na ação]”, afirmou ressaltando que o “golpe” foi de “senhorinhas com uma Bíblia debaixo do braço, de senhorzinhos com a bandeira do Brasil nas costas”.

Para o ex-presidente, os atos de vandalismo praticados no dia 8 de janeiro e a tentativa de explodir um caminhão-tanque nas proximidades do Aeroporto Internacional de Brasília, no final do ano passado, não foram praticados por pessoas simpatizantes a ele.

“Está mais do que comprovado que o quebra-quebra foi do pessoal deles [apoiadores do atual governo]. O quebra-quebra não foi feito pelo pessoal que estava acampado [no QG do Exército em Brasília]. Uns cem ônibus chegaram na cidade naqueles dias, e alguns vieram com esse intuito de quebra-quebra. Agora, a esquerda aproveitou, né? Posaram de democratas”, disparou.

“Bala de prata” para 2026

Caso seja condenado à inelegibilidade pelo TSE, o ex-presidente diz ter o que seria uma “bala de prata” para as eleições de 2026 – mas, ainda sem revelar qual seria a estratégia.

“Eu tenho a bala de prata, mas não vou revelar. O que nós plantamos ao longo de quatro anos não foi blábláblá. Eu fui para o meio da massa, bafo na cara, arriscando levar um tiro, uma facada. A gente trouxe o pessoal para acreditar no seu país”, disse Bolsonaro.

Entre as opções para a sucessão está o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que pesquisas de opinião indicam ser a opção mais viável neste momento. “Ele é um excelente gestor, teria que conversar com ele”, afirmou o ex-presidente.

E também a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que ele diz ser um “excelente cabo eleitoral”. No entanto, ela não teria experiência na vida política para se candidatar ao cargo.

“Para ser prefeito de cidade pequena já não é fácil. Lidar com 594 parlamentares [entre deputados e senadores] não é fácil também. Eu acredito que ela não tem experiência para isso”, disse.

Volta aos EUA

O ex-presidente Jair Bolsonaro não descarta voltar aos Estados Unidos caso seja condenado à inelegibilidade pelo TSE. Ele diz já ter sido convidado para ser “garoto propaganda” de negócios no país: “de venda de imóveis. Ih, um montão de coisa. Quando cheguei lá [em janeiro], eu saía de casa e tirava umas 400 fotografias”.

No entanto, ele diz que não quer abandonar o Brasil por ter família aqui, e que pode seguir na vida pública. Ele lembrou da participação que fez no CPAC, a convenção anual do partido republicano norte-americano, e que o ex-presidente Donald Trump também compareceu.

“Eu estive agora dois dias em Porto Alegre. É um negócio que eu fico até... sai lágrimas dos meus olhos [de ver] como o pessoal gosta de mim”, disse.

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