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O chanceler Ernesto Araújo, durante visita aos EUA.
O chanceler Ernesto Araújo, durante visita aos EUA.| Foto: Mandel Ngan/AFP

Em sua última visita aos Estados Unidos, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, reuniu-se com Sam Brownback, embaixador dos EUA para a Liberdade Religiosa Internacional, para discutir uma aliança global contra a intolerância religiosa.

O embaixador Nestor Forster, encarregado de negócios do Brasil nos EUA, diz que os dois países serão cofundadores de um novo órgão que está sendo chamado de "Aliança para Liberdade Religiosa". A iniciativa decorre de diálogos travados em duas conferências sobre esse tema organizadas pelos Estados Unidos, em julho de 2018 e julho de 2019. O tema da intolerância contra religiões é considerado chave para a política externa do governo Trump.

"A ideia agora é institucionalizar a iniciativa e dar um formato de algo mais permanente. Não se sabe exatamente que forma vai tomar. E o Brasil, pela sua história, pela sua própria feição cultural e religiosa, sendo um país de maioria cristã, com católicos, com evangélicos, é um país de grande tolerância religiosa. O Brasil tem uma vocação natural para participar dessa iniciativa como membro fundador", diz Forster.

A conferência de julho deste ano teve 106 países participantes e, segundo, Forster, cerca de 50 deles levaram ministros de Estado. O Brasil foi representado pela ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves.

Para o embaixador, o tema da liberdade religiosa é um dos elementos que promovem a proximidade entre as gestões Trump e Bolsonaro. "A relação entre os governos não se dá em termos religiosos estritos, mas de princípios e valores que são defendidos e compartilhados. Como dois países que defendem a liberdade de expressão, a liberdade religiosa também é uma parte disso, talvez a parte mais importante disso, então, nisso, estamos juntos", afirma.

De acordo com Forster, há muitos países interessados em participar da Aliança, mas ainda não se sabe quantos se associarão a Brasil e EUA como membros fundadores.

Diálogos não envolvem só os cristãos

Forster afirma que os diálogos promovidos até agora não envolvem só cristãos, e que há diversidade entre os participantes. Na última conferência, diz, "havia países muçulmanos como Líbano e Egito. Estavam todos lá. Não estavam países intolerantes. Por exemplo, o Irã e a Arábia Saudita."

O embaixador ressalta que o conceito de liberdade religiosa é, tradicionalmente, parte da identidade cristã, mas "tem sido abraçado num contexto aberto a todas as religiões". A iniciativa, segundo ele, trata de liberdade para todas as religiões e para quem não tem religião.

"É claro que a nossa maior preocupação, como país de maioria cristã, é apontar as perseguições contra cristãos, mas nós não podemos ignorar a perseguição que existe contra outras minorias, como a minoria rohingya, na Birmânia, os yazidis, no Iraque, e assim por diante. São situações específicas no mundo que despertam grande preocupação. Se há atenção e coordenação internacional, isso ajuda a acabar com a discriminação e a perseguição."

O objetivo das conferências e da futura Aliança é, de acordo com Forster, "chamar a atenção para situações dramáticas específicas de violação de direitos de expressão religiosa e de culto religioso que existem em vários países ao redor do mundo" e promover uma pressão internacional para a solução dos conflitos. Por enquanto, como a iniciativa está em estágio incipiente, não se definiram estratégias concretas para o cumprimento desses objetivos.

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