Brasileiros retidos no Canadá voltam para casa. Total de repatriados chega a 26 mil

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Um grupo de cerca de 450 brasileiros que ficaram “presos” no Canadá por causa da pandemia do novo coronavírus está sendo repatriada. A embaixada em Ottawa e os três consulados do Brasil no país (Toronto, Montreal e Vancouver) mapearam os brasileiros que estavam em situação de maior fragilidade e, com apoio do Itamaraty, fretaram três voos para trazê-los de volta ao país. O primeiro voo saiu de Toronto na última quinta-feira (25) pela manhã, com 142 pessoas. Nesta sexta-feira (26), outro voo partirá da cidade e no sábado (27) sai o último avião de Montreal.

Desde o início da pandemia, o Itamaraty já apoiou a repatriação de 26.022 por via aérea, de acordo com a assessoria de imprensa do órgão. Além disso, mais de 11 mil brasileiros que moravam na Argentina, Bolívia e Paraguai voltaram ao país por via terrestre. De acordo com o órgão, as operações de repatriação dos brasileiros que ficaram retidos no exterior – com fretamento de voos e assistência a desvalidos – já custaram cerca de R$ 65 milhões até o momento.

O embaixador do Brasil no Canadá, Pedro Henrique Borio, contou à Gazeta do Povo que desde o início da pandemia e das primeiras ações de cancelamento de voos para o Brasil, a embaixada buscou mapear quem eram os brasileiros que estavam no país e qual a situação deles. Além da preocupação com os intercambistas brasileiros muito jovens, a embaixada buscou garantir a todos acesso ao sistema de saúde canadense e auxiliar os brasileiros residentes a obter o auxílio do governo, para aqueles que perderam o emprego.

O corpo consular também intermediou negociação com escolas, para obter redução de mensalidade, adiamento de pagamentos ou isenção para moradia. Depois disso, foi feito um mapeamento para verificar quais brasileiros poderiam ficar em situação de vulnerabilidade ou fragilidade no país.

Com ajuda da comunidade brasileira no Canadá, a embaixada localizou aqueles brasileiros que já tinham sofrido com repetidas remarcações de passagens, idosos, menores de idade, portadores de doenças crônicas e aqueles que usam medicamentos controlados e não teriam mais receita. O Itamaraty, então, autorizou uma operação para a repatriação desse grupo, de aproximadamente 450 pessoas.

“Temos muitas restrições, vários aeroportos fechados para voos internacionais, como o de Ottawa [onde fica a embaixada brasileira]. Fizemos uma “minilicitação” e a companhia que ofereceu o melhor preço foi a Copa Airlines, com escala no Panamá. Estamos trazendo as pessoas de várias localidades para os embarques em Toronto e Montreal”, explicou o embaixador. Esses brasileiros não vão ter custos com a viagem, que foi bancada pelo governo Jair Bolsonaro.

Os três voos – dois saindo de Toronto e um de Montreal – farão uma escala no Panamá e pousarão em São Paulo. Cerca de 40 brasileiros que estavam retidos no Panamá também serão repatriados. Borio destaca o esforço para a logística da viagem dar certo: o Panamá fechou as fronteiras por causa da pandemia e foi aberta uma exceção para esses voos, pois a Copa Airlines é sediada naquele país. Os brasileiros retidos no Canadá e que possuíam visto americano ainda tinham a opção de tentar retornar pelos Estados Unidos, mas as recentes restrições para entrada de brasileiros complicou o processo.

“Para cada pessoa, o caso dela é o que mais interessa. Muitas dessas pessoas que estão sendo repatriadas estavam em situação frágil e de desgaste progressivo, e algumas em situação muito delicada, por terem doença, medicação controlada, não tinham acesso a seguro-saúde no Canadá, problemas familiares”, pondera o embaixador.

De acordo com Borio, é esperada uma normalização da oferta de voos no país a partir de julho ou agosto. A embaixada monitora o caso de um grupo de mais de 200 jovens brasileiros que têm passagens com uma companhia canadense. A informação é de que a empresa fará o voo e aproveitará a viagem para trazer canadenses que ficaram retidos no Brasil.