Vamos esperar que milhares de outros percam a vida, porque alguém quer uma única vacina e que essa vacina tem que ser priorizada em detrimento de outras?, questionou João Doria.
Vamos esperar que milhares de outros percam a vida, porque alguém quer uma única vacina e que essa vacina tem que ser priorizada em detrimento de outras?, questionou João Doria.| Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), fez nesta segunda-feira (7) um dos mais duros ataques ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) desde que os dois passaram de aliados na eleição de 2018 a desafetos políticos. Durante entrevista coletiva em que apresentou o Plano Estadual de Imunização contra a Covid-19, ao criticar o que considera uma demora do governo federal em iniciar a vacinação nacional, o tucano sustentou, em tom de lamentação, que Bolsonaro não sentiria compaixão pelas mortes provocadas pela pandemia e teria abandonado os brasileiros. "Se podemos começar a salvar vidas já, por que vamos esperar que diariamente, quase 700 pessoas percam a vida para atender o capricho de alguém que está sentado no Palácio do Planalto e acha que tem de ser uma única vacina no País? Isso não é justo, não é humano", discorreu o governador paulista.

Mais de uma vez, Doria disse haver negacionismo e protelação no governo federal em relação à urgência da crise sanitária. Para o governador de São Paulo, o "capricho" de Bolsonaro contra a vacina viabilizada pela sua gestão não representaria a compaixão mínima que uma pessoa deve ter pela vida e pela existência. "Vamos esperar que milhares de outros percam a vida, porque alguém quer uma única vacina e que essa vacina tem que ser priorizada em detrimento de outras?", questionou o chefe do Executivo paulista, em uma das várias perguntas retóricas feitas em contraponto ao governo federal na entrevista coletiva. E completou, em uma de suas mais pesadas críticas dirigidas a Bolsonaro: "Triste o Brasil que tem um presidente que não tem compaixão pelos brasileiros, que abandonou o Brasil e os brasileiros."