Fundador do Pink Floyd, o britânico Roger Waters coleciona posicionamentos polêmicos| Foto: Roger Waters/Divulgação
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O ministro da Justiça, Flávio Dino, posicionou-se neste sábado (10) sobre a possibilidade de censurar os shows no Brasil do famoso músico britânico Roger Waters, optando pela cautela. Dino descartou a ideia de qualquer censura prévia em relação ao risco de Waters utilizar adereços com referências nazistas durante as suas apresentações previstas para outubro e novembro, mas afirmou que está atento ao assunto. Em postagem no Twitter, o ministro ressaltou que, até o momento, não recebeu nenhuma denúncia relacionada à "apologia ao nazismo" relacionada aos eventos musicais, mas garantiu que analisará qualquer demanda que possa surgir "com calma e prudência".

Dino esclareceu que é responsabilidade do Judiciário intervir nos casos que envolvam ameaças aos direitos das pessoas ou comunidades, e que "a divulgação de símbolos, ornamentos, distintivos ou propagandas que utilizem a cruz suástica ou a suástica invertida para promover o nazismo" é crime. Ele enfatizou que essas normas se aplicam a todos que residem ou visitam o país, destacando a importância de investigar se a polêmica em torno de Waters se enquadra na hipótese de "divulgação do nazismo".

Além disso, o ministro comentou nas redes sociais que "atitudes de cancelamento, supostamente radicais e revolucionárias, no contexto atual, apenas fortalecem a extrema-direita e facilitam seu retorno ao poder". Ele acrescentou que conhece a obra de Roger Waters "há décadas". A turnê do músico no país passará por Brasília, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte e São Paulo.

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Após a controvérsia envolvendo o uso de símbolos nazistas em seu show recente em Berlim, Waters divulgou um comunicado afirmando ter sido alvo de "ataques infundados por parte daqueles que desejam difamá-lo e silenciá-lo devido às suas opiniões políticas e princípios morais". Ele explicou que a performance em questão buscava justamente o oposto, ou seja, "se posicionar contra o fascismo, a injustiça e o fanatismo em todas as suas formas". Waters mencionou que a representação de um demagogo fascista desequilibrado tem sido característica recorrente de seus shows desde o lançamento do filme e disco "The Wall" (1982), da banda Pink Floyd, em 1980.

Durante a sua apresentação em 17 de maio, Waters, 79 anos, testou as leis alemãs que criminalizam a "incitação ao ódio", segundo informações da polícia local. Embora ele tenha usado um uniforme similar aos utilizados pela SS, força paramilitar do regime de Adolf Hitler, a braçadeira não apresentava a suástica, mas sim o símbolo dos dois martelos cruzados presente na alegoria do nazismo em "The Wall".

No Brasil, Waters também se envolveu em outra polêmica no ano passado, ao expressar a sua opinião sobre o processo político do país, pedindo votos para Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em um vídeo divulgado pela equipe do então candidato petista, ele afirmou: "Precisamos que vocês, brasileiros, nos guiem para o futuro". Em 2018, o músico solicitou permissão para visitar Lula na prisão, em Curitiba, mas não obteve sucesso. Dois anos depois, ele gravou um vídeo comemorando a libertação do "amigo".