Lewandowski, que é católico, foi o único ministro do STF a comparecer ao culto.
Lewandowski, que é católico, foi o único ministro do STF a comparecer ao culto.| Foto: Reprodução/YouTube.

No culto de ação de graças a Deus pela posse de André Mendonça como ministro do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski disse que o fato de o novo colega ser religioso não é um "problema" ou "defeito", mas uma "virtude". Contou ter dito isso pessoalmente a Mendonça nesta quarta (16), quando ele visitou seu gabinete.

"Disse a ele que eu não via nenhum problema em ele ser religioso. Porque quem é religioso, cultiva valores, cultiva princípios e saberá, como ministro, preservar os valores e princípios da Constituição Federal, que tem como pilar fundamental o princípio da dignidade da pessoa humana", afirmou.

"E disse mais ao querido André. Que a Constituição Federal estabelece como requisitos para ser ministro do STF, precisa ter 35 anos de idade, ter reputação ilibada e notável saber jurídico. E disse ao André que depois de mais de 15 anos de STF e 30 anos de magistratura, eu estava convencido de que além desses atributos, que era necessário para que alguém se desincumba deste cargo importantíssimo, que é preciso antes de mais nada que a pessoa tenha caráter. E estou convencido que o André Mendonça tem caráter", completou depois.

Lewandowski, que é católico, foi o único ministro do STF a comparecer ao culto, realizado no Santuário Nacional da Assembleia de Deus em Brasília. O culto também contou com a presença do presidente Jair Bolsonaro, da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e de vários ministros do governo.

Em seu discurso, Mendonça disse que a escolha de um evangélico para o STF representa um critério de inclusão social. "Embora, de fato, o critério de evangélico não seja um critério constitucional, ao mesmo tempo, é uma inclusão social. Interprete dessa forma", disse o novo ministro.

Bolsonaro, por sua vez, afirmou que o segmento também merece ser representado no Judiciário. "O evangélico não é uma condição para ser ministro, mas por que não buscar no meio evangélico alguém para colocar dentro do STF? Como temos uma centena de evangélicos no Legislativo. Os senhores são aproximadamente 40% da população brasileira, por que não se fazer representados em todos os setores da sociedade?", afirmou.

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, que também é pastor, elogiou Mendonça por expor sua fé. "Eu não me envergonho do Evangelho. É o poder de Deus, a salvação. Temos um homem (no STF) que se identifica e não se envergonha do Evangelho", disse. O presidente do STJ, Humberto Martins – adventista e que foi preterido por Bolsonaro para a vaga no STF – cobriu Mendonça de elogios em discurso no púlpito. Disse que ele foi um advogado público "combativo, responsável e competente" e que tem qualidades de um juiz, "humildade, prudência, sabedoria", e de um cristão, "fé, amor e esperança".