Allan dos Santos
Allan dos Santos era o dono do Terça Livre.| Foto: Arquivo/Alessandro Dantas/Agência Senado

A Polícia Federal (PF) relatou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que existe risco de interferência do Ministério da Justiça no processo de extradição de Allan dos Santos. A PF pede que sejam adotadas medidas para evitar essas possíveis interferências. O ofício foi assinado no dia 29 de novembro pela delegada Denisse Ribeiro, responsável pela investigação. Segundo ela, os depoimentos colhidos durante a apuração identificaram uma tentativa de interferência por parte do secretário nacional de Justiça, José Vicente Santini. A informação foi divulgada pela CNN Brasil.

O Ministro Alexandre de Moraes determinou a prisão e extradição de Santos, que está nos Estados Unidos, no fim de outubro. A delegada ressalta que as medidas adotados por Santini ainda não interferiram no caso, pois o pedido de extradição está sob responsabilidade das autoridades americanas. "A interferência, portanto, apesar de presente o risco, ainda é uma cogitação", afirma. A delegada argumenta que para evitar "novas ações ou omissões, no âmbito da Secretaria Nacional de Justiça", são necessárias "ações mitigadoras e desestimuladoras de tentativas de interferência no fluxo normal do processo".

De acordo com a PF, Santini teria pedido "acesso à caixa de documentos restritos da unidade, bem como determinou a alteração do fluxo de referidos processos de extradição ativa para incluí-lo como instância de decisão". No entanto, a área técnica do ministério não repassou ao secretário as informações. A ex-diretora do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça, Silvia Amélia Fonseca de Oliveira, teve seu depoimento anexado ao pedido da PF para o STF.

Ela foi exonerada no início de novembro deste ano, após encaminhar o pedido de extradição de Allan do Santos. Silvia relatou à PF que Santini a demitiu pessoalmente, alegando que a exoneração "seria em decorrência de um processo natural de composição de equipe". José Vicente Santini foi demitido do governo após usar um avião da FAB enquanto era secretário-executivo da Casa Civil. Depois de alguns meses, voltou ao governo. Em agosto deste ano, foi nomeado secretário nacional de Justiça do Ministério da Justiça. Em depoimento à PF, ele negou que tenha solicitado acesso às caixas de processos restritos com informações sobre o caso.