Reprodução do site do jornal inglês The Guardian com o conteúdo da carta contra Bolsonaro.| Foto: Reprodução/The Guardian
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Em carta aberta publicada na noite da sexta-feira (7) no site do jornal inglês The Guardian, artistas, intelectuais e personalidades do Brasil e de outros países afirmam que as instituições democráticas do Brasil estão "sob ataque" desde que Jair Bolsonaro assumiu a Presidência da República. Intitulado "Democracia e Liberdade de Expressão sob ameaça no Brasil", a carta contra Bolsonaro é assinada pelos cantores Chico Buarque, Caetano Veloso e Arnaldo Antunes, os escritores Milton Hatoum, Paulo Coelho e Djamila Ribeiro, o historiador Boris Fausto, o fotógrafo Sebastião Salgado, a cineasta Petra Costa, as atrizes Mel Lisboa e Maria Fernanda Candido, o ex-jogador da seleção Juninho Pernambucano e mais de 2.700 pessoas.

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A carta contra Bolsonaro também ganhou o apoio de intelectuais e artistas de outros países, como o filósofo Noam Chomsky, o cientista político Steven Levitsky, o cantor Sting, o ator William Dafoe, o compositor Philip Glass e os escritores Valter Hugo Mãe e Mia Couto.

O que diz a carta contra Bolsonaro

"O regime de extrema-direita do Brasil quer censurar livros didáticos, espionar professores e reprimir minorias e grupos LGBTI+. Precisamos de apoio da comunidade internacional", afirma a carta contra Bolsonaro, que pede apoio da comunidade internacional para "condenar as tentativas do governo brasileiro de pressionar organizações artísticas e culturais", além de "pressionar o Brasil a respeitar completamente a declaração universal dos direitos humanos e, assim, respeitar liberdade de expressão, pensamento e religião".

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No texto, os autores fazem referências a episódios recentes do governo Bolsonaro, como o pronunciamento do ex-secretário de Cultura Roberto Alvim, que copiava temática nazista e citava textualmente trechos de um discurso do ideólogo nazista Joseph Goebbels. A repercussão do caso levou Alvim a ser demitido horas após a publicação do filme em suas redes sociais no dia 17 de janeiro. "Alvim estava apenas dando voz ao projeto político de extrema direita de Bolsonaro, que continua com força total", diz a carta contra Bolsonaro publicada no The Guardian.

Outra demissão lembrada pelos autores é a do ex-diretor de marketing do Banco do Brasil, Delano Valentim. Em abril de 2019, uma campanha publicitária que representava a diversidade racial e sexual do país foi tirada do ar a pedido de Bolsonaro.

Os autores da carta contra Bolsonaro criticam também a denúncia feita pelo Ministério Público Federal contra o jornalista Glenn Greenwald, pela suposta invasão de conversas de autoridades, que ele nega, e a publicação de um vídeo na conta oficial do Twitter da Secretaria de Comunicação que chama a cineasta Petra Costa de "militante anti-Brasil".

Eles citam ainda o relatório da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), que afirma que os ataques à imprensa cresceram 54% em 2019. "Tememos que esses ataques a instituições democráticas possam se tornar irreversíveis em breve", dizem os autores da carta publicada no The Guardian.

Além da política cultural e da ideologia do governo Bolsonaro, também há no críticas às queimadas na Amazônia. "O governo está engajado numa perigosa guerra cultural contra ameaças internas artificiais. Ele nega o aquecimento global e as queimadas na Amazônia, despreza líderes que lutam pela preservação do meio ambiente e desrespeita comunidades indígenas", dizem os signatários da carta publicada no The Guardian.

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