Membro do Centrão, o PSD de Gilberto Kassab votou em peso pela manutenção do Coaf com Sergio Moro.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A votação da emenda que retira o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) das mãos do ministro da Justiça, Sergio Moro, abriu uma crise no Centrão, o conjunto de siglas coordenadas hoje pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

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Apesar de o grupo ter fechado acordo para derrotar Moro, o PSD de Gilberto Kassab votou em peso a favor do ministro de Bolsonaro – foram 30 votos a favor de manter o órgão na Justiça contra apenas 1 favorável à migração para a pasta da Economia, objetivo do Centrão.

Moro acabou derrotado por estreita margem (228 votos a 210) na sessão realizada na noite desta quinta-feira (22). Os líderes do Centrão esperavam uma vitória mais expressiva e dizem que o PSD rompeu o acordo em cima da hora.

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Com isso, começaram logo depois da sessão a discutir possíveis retaliações, como a retirada de funções de relevo das mãos do partido, entre elas a relatoria do Orçamento de 2020, hoje a cargo do deputado Domingos Neto (PSD-CE). Não há consenso, porém, sobre se essas ameças serão levadas a cabo.

O Centrão é formado por legendas como o PP, PR, PTB, DEM, PSD e PRB. Juntas, têm mais de 200 dos 513 deputados. Apesar de não serem um bloco formal, têm agido de forma conjunta, sob o comando de Maia, sendo responsáveis por várias derrotas aplicadas ao governo de Jair Bolsonaro, que tem tido uma relação conflituosa com o Legislativo desde que tomou posse.

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A reportagem conversou com vários integrantes do Centrão, inclusive parlamentares do PSD, tendo ouvido algumas versões para a atitude tomada pelo partido de forma quase unânime na noite desta quinta.

Uma delas é a de que a legenda busca se dissociar do Centrão, que tem grande desgaste na opinião pública por ter integrantes envolvidos nas investigações da Lava Jato e por ter a imagem ligada a um modo de fazer política calcado no chamado 'toma lá, dá cá'.

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Outra versão dá conta que o partido de Kassab, ex-prefeito de São Paulo e ministro nas gestões Dilma Rousseff (2011-2016) e Michel Temer (2016-2018), buscou ficar ao lado de Moro para evitar desgaste público – há campanha nas redes segundo a qual só os corruptos querem tirar o Coaf de Moro – e por temer retaliações por parte do ministro da Justiça, a quem a Polícia Federal está subordinada.

A reportagem entrou em contato com o líder do PSD na Câmara, André de Paula (PE), mas não obteve resposta até a conclusão desta reportagem.