O ministro da Justiça, Sergio Moro.| Foto:

Um dia após o presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmar, em um café com jornalistas, que não se opõe a 'devolver' a direção do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) ao ministério da Economia, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, afirmou que prefere não abrir mão desse órgão
de inteligência financeira. O Coaf investiga operações suspeitas, é dentro de sua pasta.

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A fala de Moro a jornalistas aconteceu nesta sexta-feira (26), em Belo Horizonte. O ministro destacou que a decisão pertence ao Congresso, referindo-se à medida provisória que tramita no Senado com a proposta.

"Igualmente, eu também sou aberto a qualquer decisão que seja tomada no Congresso. O que não me impede de buscar convencer os parlamentares que o melhor lugar do Coaf é atualmente onde ele se encontra", disse ele.

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O ministro chamou de "lenda urbana" a história de que ter o Coaf em suas mãos teria sido uma das condições para aceitar o ministério.

Coaf e ministérios da Justiça e Economia

A passagem do Coaf da Fazenda para a Justiça foi publicada em uma edição extra do Diário Oficial da União no primeiro dia de governo.

Moro completou dizendo que "tendo vindo, acha oportuno que ele fique". O ministro afirmou que não há como combater organizações criminosas hoje no país sem foco em lavagem de dinheiro e sem retirar dos criminosos os recursos que ajudam a manter as operações ilegais.

"É importante ter esse órgão de inteligência, nós entendemos que estamos fortalecendo o Coaf, aumentando o número de pessoas dentro do COaf, e que dentro do Ministério da Justiça temos melhores condições de integração do Coaf com esses órgãos de segurança", defendeu.

Pena de Lula

Ao ser perguntado sobre a redução da pena do ex-presidente Lula (PT) pelo STJ (Superior Tribuna, de Justiça), Moro disse que o petista pertence ao seu passado e que está "olhando para a frente".

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Atuando como juiz federal em Curitiba, Moro condenou Lula a 9 anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo caso do tríplex de Guarujá (SP). O TRF-4 manteve a condenação, em janeiro de 2018, e aumentou a pena para 12 anos e um mês.

A decisão da corte superior tomada na terça-feira (23), porém, reduziu a pena de Lula para 8 anos e 10 meses, abrindo a possibilidade de que ele possa deixar a cadeia ainda este ano.

Moro afirmou que as cortes de Justiça têm independência para proferir suas decisões e que o tema da dosimetria de penas sempre tem divergências entre juízes.

"Eu estabeleci uma pena, o tribunal estabeleceu outra, o STJ estabeleceu outra. Se reunir dez juízes em uma sala, cada um vai ter uma pena diferente. Isso acontece em vários casos, não só do ex-presidente. Não me cabe opinar sobre o processo envolvendo o ex-presidente", disse ele.

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Na semana de polêmicas sobre a relação entre o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o vice Hamilton Mourão (PRTB), Moro disse que não tem nenhuma opinião a respeito porque "não o envolve".

"Normalmente esses episódios são superdimensionados, a única coisa que eu posso afirmar. Minha percepção como alguém externo", respondeu.

"É uma questão que envolve o presidente da República e o vice, ministro não tem nada a ver com isso".
Moro falou na capital mineira em um evento realizado pelo think tank liberal O Pacificador. O grupo, recém-criado em Minas Gerais por empresários, tem entre os sócios o vice-governador Paulo Brant (Novo) e o general Eduardo Villas Boas, ex-comandante do Exército.

Em sua palestra, o ministro defendeu propostas do pacote anticrime que apresentou ao Congresso e que o problema da criminalidade no país não é apenas de competência da segurança pública. Para o ministro, a melhoria nos índices depende de coordenação com políticas sociais, econômicas e urbanísticas.

À vontade, o ministro chegou a fazer algumas piadas durante sua fala. Em uma delas, Moro disse que contaria uma anedota sobre como é conviver com a ala militar do governo. Falou sobre uma vez em que um militar da infantaria fez saudação gritando "selva", outro, membro da artilharia, chegou falando "ás".

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"Coitado de mim, civil, eu fico sem saber o que dizer. Estou até hoje pensando o que falar no ministério, como ex-juiz. Caneta, caneta? Não. Tenho que pensar numa palavra melhor", brincou.