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Eduardo Leite
Eduardo Leite busca maioria dentro do PSDB para ser o candidato do partido à presidência em 2022| Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

As mais recentes pesquisas eleitorais trazem pela primeira vez o nome do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), entre os pré-candidatos ao Palácio do Planalto em 2022. Leite aparece nos levantamentos com intenções de voto que variam de 3% (Datafolha) a 4% (XP/Ipespe). Um desempenho até certo ponto surpreendente, pois se assemelha ao do colega tucano e também presidenciável João Doria. O governador de São Paulo tem entre 2% e 5%, nas mesmas pesquisas.

Pouco conhecido da maioria da população brasileira, o governador gaúcho leva vantagem no quesito "rejeição" — no caso do Datafolha, por exemplo, chega a ser 16 pontos percentuais menor do que a de Doria (21% a 37%). Um cenário nada desprezível e que mostra potencial de crescimento.

Leite almeja concorrer a presidente da República como nome da chamada terceira via, em contraponto à polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Lula e Bolsonaro lideram as pesquisas mencionadas acima. Antes disso, porém, o governador gaúcho de 36 anos terá de vencer as prévias do PSDB que vão escolher o candidato do partido.

Vereador por duas vezes e prefeito de Pelotas entre os anos de 2013 e 2017, Eduardo Leite foi eleito ao governo do Rio Grande do Sul em 2018, no segundo turno, com 53,40% dos votos válidos. O nome dele foi lançado como presidenciável para 2022 por integrantes do PSDB que fazem oposição a João Doria, insatisfeitos com a maneira como o governador de São Paulo tentou assumir o controle do ninho tucano no início do ano.

Leite, que não faz oposição aberta a Doria, conta com a simpatia de tucanos de peso, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o senador Tasso Jereissati (CE) e o deputado federal Aécio Neves (MG). Para se viabilizar candidato nas eleições internas do PSDB, o governador gaúcho traça estratégias para derrotar, além de Doria, o próprio Jereissati e o ex-senador e ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio.

Bancada no Congresso pode dar vitória para Eduardo Leite nas prévias tucanas

Eduardo Leite e seus aliados já começaram as articulações para tentar derrotar Doria nas prévias marcadas para novembro. Além de governar o maior estado brasileiro, Doria é apontado como favorito até o momento, por ser mais conhecido do eleitorado e o diretório do PSDB em São Paulo ser um dos maiores no país.

Como a Gazeta do Povo mostrou, a Executiva tucana deu pesos iguais nos votos de todas as categorias para as eleições internas. Aliados de Leite, contudo, apostam no desalinhamento de Doria com a bancada tucana no Congresso para conseguir maioria dentro do partido.

  • Filiados sem mandato: peso 25%
  • Prefeitos e vice-prefeitos: peso 25%
  • Vereadores, deputados estaduais e distritais: peso 25%
  • Governadores, vice-governadores, ex-presidentes, presidente da executiva nacional, deputados federais, senadores: peso 25%

Apesar de São Paulo ter a maioria dos filiados ao PSDB, o que favoreceria Doria, o governador paulista tem pouca influência sobre os deputados federais. Com isso, Eduardo Leite estreitou os laços com a bancada tucana no Congresso Nacional. A estratégia, segundo os aliados do governador gaúcho, deve lhe render ainda os votos dos prefeitos e vice-prefeitos, já que muitos deles são alinhados aos congressistas.

O pontapé na sua campanha foi dada no começo deste mês e se deu justamente em Brasília, onde se reuniu com lideranças tucanas e visitou regiões carentes do Distrito Federal. Além disso, Leite esteve visitando aliados de outros partidos, como o presidente do DEM, ACM Neto, que rompeu com Doria e sinalizou que poderia recompor com os tucanos casos Leite vença as prévias do partido. Até a realização das prévias o governador gaúcho irá dedicar sua agenda para visitar boa parte das cidades administradas por prefeitos e vice-prefeitos tucanos.

Governador fala publicamente sobre sua orientação sexual

Para se tornar mais conhecido entre os eleitores brasileiros, Eduardo Leite passou a conceder uma série de entrevistas. Entre elas, a que afirmou publicamente ser homossexual. O governador, no entanto, nega que tenha feito cálculo político ao fazer a declaração.

“Não teve qualquer cálculo do ponto de vista político-eleitoral. Aliás, nem sei quais serão os efeitos que isso terá do ponto de vista eleitoral. Talvez não sejam os efeitos positivos que muita gente espera. Se a população entender que eu posso apresentar um caminho, tem que ser na minha integridade e integralidade”, disse Leite durante sua passagem por Brasília.

A declaração de que era um “gay e governador” acabou repercutindo até mesmo dentro da comunidade LGBTQI+. Parte dos críticos lembrou que Leite declarou voto em Jair Bolsonaro no segundo turno da disputa eleitoral de 2018. Bolsonaro já era conhecido por suas declarações homofóbicas, entre elas, a de que seria incapaz de amar um filho homossexual.

O vice-governador e secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, Ranolfo Vieira, saiu em defesa de Eduardo Leite. “Ele abriu voto em Bolsonaro e foi só isso. Nosso material de campanha não tinha Eduardo Leite, Delegado Ranolfo, Bolsonaro e General Mourão. Não tem como um republicano chegar ao segundo turno e ficar em cima do muro. Ele abriu o voto, fez suas ressalvas e não passou disso”, defendeu o vice em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.

A orientação sexual de Leite chegou a ser explorada pelos seus adversários durante a disputa eleitoral de 2018 no Rio Grande do Sul. Aliados do governador afirmam que sua declaração às vésperas da disputa presidencial pode lhe favorecer, tendo em vista que fake news poderiam ser usadas nas eleições de 2022.

Até o momento, as declarações do governador gaúcho lhe renderam um crescimento no número de seguidores nas redes sociais. Levantamento da consultoria Bites divulgado pelo jornal O Globo mostrou que, nas 12 primeiras horas após a declaração sobre sua orientação sexual, Eduardo Leite ganhou no Twitter, Instagram e Facebook mais de 100 mil novos seguidores. Atualmente, o tucano já soma mais de 1 milhão em seus perfis.

Já um levantamento da consultoria Arquimedes registrou pouco mais de 150 mil menções ao governador após a sua declaração. Na análise qualitativa das menções, a consultoria identificou 40% de menções positivas ao gaúcho, 23,5% de críticas ligadas aos grupos bolsonaristas e 36,5% de perfis da esquerda que consideraram a declaração tardia.

Metodologia das pesquisas citadas

O levantamento XP/Ipespe ouviu 1.000 eleitores brasileiros entre os dias 5 e 7 de julho. A margem de erro é de 3,2 pontos percentuais.

O Instituto Datafolha ouviu 2.074 brasileiros com 16 anos ou mais, nos dias 7 e 8 de julho. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

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