Todas as forças policiais foram mobilizadas para fazer a segurança do evento de posse do presidente eleito Lula.| Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil
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Os recentes episódios de vandalismo e de tentativa de uso de um artefato explosivo fizeram com que a equipe do governo de transição revisasse o esquema de segurança para a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), neste domingo (1º), em Brasília. A programação do evento envolve o desfile de Lula em carro aberto, cerimônia no Congresso Nacional, discurso na rampa do Planalto e um festival de música com a apresentação de diversos artistas na Esplanada dos Ministérios.

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O futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, pediu ao governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), a ampliação do número de agentes da Polícia Militar durante o evento. De acordo com Rocha, toda a força policial do DF será utilizada para garantir a segurança da posse presidencial. Além da PM, integrantes da Polícia Civil do DF e do Corpo de Bombeiros também estão escalados.

"Toda a polícia militar do Distrito Federal estará mobilizada. Teremos 100% do efetivo nas ruas. Além disso, teremos agentes da PCDF [Polícia Civil] também no apoio, infiltrados durante todo o movimento, principalmente por causa dos últimos acontecimentos. Vai dar tudo certo", indicou o governador. "Temos o compromisso do governador [do DF] de que haverá mobilização integral das forças policiais para garantir a segurança do presidente da República, das delegações estrangeiras e das pessoas que participarão do evento”, afirmou Dino.

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O esquema de segurança para a posse de Lula vai contar com uso de drones, esquadrão antibombas e revista minuciosa nas pessoas que irão acompanhar o evento. De acordo com integrantes da transição, serão ao menos cinco barreiras de revista com detectores de metal ao longo de toda a Esplanada dos Ministérios.

Somente 30 mil pessoas poderão acessar a Praça dos Três Poderes, segundo o governo do DF. A limitação ocorreu por questões de segurança das pessoas que vão participar desses atos, de acordo com o governo do DF. Mas a expectativa é de que 300 mil pessoas compareçam à Esplanada dos Ministérios no dia da posse.

Ainda de acordo com o futuro ministro da Justiça, todo o esquema de segurança para a posse presidencial vem passando por constantes atualizações. "A posse do presidente Lula ocorrerá em paz. Todos os procedimentos serão reavaliados, visando ao fortalecimento da segurança. E o combate aos terroristas e arruaceiros será intensificado. A democracia venceu e vencerá", disse Dino.

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) também está envolvida no esquema preparado para a posse. Ela irá montar "cinturões" ao redor do Distrito Federal. Os postos da corporação também funcionarão como pontos de apoio às pessoas que estão seguindo para Brasília.

Além dos agentes de segurança do Distrito Federal, a cerimônia de posse de Lula vai contar com integrantes da Polícia Federal e da Força Nacional. O decreto de autorização foi publicado no Diário Oficial da União na última quarta-feira (28) pelo Ministério da Justiça.

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Apesar de uma tensão no ar, o próprio Lula fez questão de tranquilizar a população e convidar todos para o evento. "Todo mundo está convidado para o ato da posse. Por favor, domingo estejam aí, que não vai ter barulho. Não fique preocupado com barulho. Quem perdeu as eleições, fique quietinho. E quem ganhou tem o direito de fazer uma grande festa popular aqui em Brasília", afirmou durante a divulgação dos últimos ministros do seu governo, na quinta-feira (29).

Transição reavalia desfile de Lula em carro aberto

Pela programação definida até o momento, a cerimônia de posse terá início com o desfile de Lula em carro aberto a partir da Catedral de Brasília até o Congresso Nacional. Esse ponto, no entanto, foi motivo de discussão da transição com a equipe de segurança durante um encontro com o presidente eleito nesta semana.

Ao invés do Rolls-Royce Silver Wraith de 1952, que é um automóvel conversível da Presidência, Lula foi aconselhado a utilizar um carro blindado. Mesmo que a preocupação com a integridade seja alta, o petista, por sua vez, está resistente ao desfile fechado. De acordo com integrantes da transição, até o momento a programação com o carro aberto está mantida, mas uma eventual troca poderá ser feita diante da possibilidade de chuva no momento do evento.

A ideia do carro blindado foi apresentada a Lula após o caso em que o empresário George Washington foi preso e autuado por terrorismo após montar uma bomba nas proximidades do aeroporto de Brasília. O artefato não explodiu, mas o preso afirmou em depoimento que a ideia era criar o "caos" e que o ato foi planejado por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro que estão acampados no quartel-general do Exército, na capital.

Após a prisão de Washington, um segundo explosivo chegou a ser encontrado pelo esquadrão de bombas do Batalhão de Operações Especiais na Região Administrativa do Gama, que fica a cerca de 20 quilômetros da Esplanada dos Ministérios. A Polícia Civil do DF ainda investiga a origem do material e as circunstâncias em que ele foi deixado no local. Ainda não se sabe se esse episódio tem relação com a tentativa de atentado ao aeroporto de Brasília.

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Desde então, integrantes da transição ampliaram a pressão para tentar desmobilizar o acampamento dos apoiadores de Bolsonaro até o dia da posse. Segundo o governador do DF, a Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) tem conversado com o Exército para “acelerar a desmobilização”. Ibaneis indicou que já foram retiradas mais de 40 barracas e a ideia é que até o dia da posse haja maior redução “de forma natural”.

“Temos consciência de que o Exército vem cuidando disso diariamente, desmontando parte dos acampamentos, para trazer um movimento de mais tranquilidade. Não só para o momento da posse, mas para os próximo quatro anos. Não consideramos como movimento legítimo o que vem acontecendo. Queremos ter a pacificação da nossa cidade e do nosso país”, informou Ibaneis.

Agentes vão garantir segurança de chefes de Estado estrangeiros

Além da integridade de Lula e do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), os agentes da Polícia Federal, da Força Nacional e da Polícia Rodoviária Federal vão garantir também a segurança dos chefes de Estado que confirmaram presença no evento.

Até o momento, já confirmaram presença o presidente da Alemanha, Frank Walter Steinmeier; o da Argentina (Alberto Fernández), de Angola (João Lourenço), da Bolívia (Luis Arce), de Cabo Verde (João Maria Neves), da Costa Rica (Rodrigo Chaves), de Guiné Bissau (Umaro Sissoco Embaló), de Timor Leste (José Ramos-Horta), do Chile (Gabriel Boric), da Colômbia (Gustavo Petro), de Portugal (Marcelo Rebelo de Souza) e o rei da Espanha, Felipe 6°.

Quem também deve estar presente é o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, após a revogação de uma portaria do Ministério da Justiça que impedia a entrada dele no Brasil. Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, também foi convidado, mas ele deve enviar apenas uma comitiva. Participarão, pelo menos, representantes de 56 países na posse de Lula.

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No caso da PF, por exemplo, serão utilizados ao menos 1 mil agentes em todo o esquema de segurança da posse de Lula. Há ainda a previsão de posicionamento de snipers (atiradores de elite) em diversos prédios da Esplanada dos Ministérios.

"A proteção de cada autoridade passa por uma análise de risco, que indica o nível de proteção adequado. Novos fatos sempre são levados em consideração e, se necessário, podem levar a eventual majoração da proteção e a readequações no planejamento operacional, o qual é dinâmico", indicou a PF por meio de nota.

O delegado Andrei Passos, futuro diretor-geral da PF, tem feito esse acompanhamento em nome da equipe de transição.

Moraes suspende porte de armas de fogo no DF para posse de Lula 

Em outra frente, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu temporariamente as autorizações de porte e transporte de armas de fogo e de munições em todo o território do Distrito Federal. A restrição, iniciada na última quarta-feira (28), vai até a segunda-feira (2). Ela atende um pedido feito pela equipe de transição do governo Lula. A medida atinge colecionadores, atiradores e caçadores.

Segundo a decisão de Moraes, quem desrespeitar a determinação nesse período deverá ser autuado em flagrante por porte ilegal de arma. No despacho, o ministro do STF diz que, diante das ameaças de apoiadores radicais de Bolsonaro, a restrição ao porte e transporte de armas é necessária para garantir a segurança de Lula e de Alckmin, durante a cerimônia de posse.

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A capital deve receber cerca de 300 mil pessoas durante o evento. Só no aeroporto de Brasília, a expectativa é que 150 mil passageiros transitem pelo local, entre 30 de janeiro e 2 de dezembro. Os hotéis da capital também estão com ocupação em torno de 80%.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]