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Bolsonaro usou máscara na live que fez nesta quinta-feira ao lado do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e da intérprete de libras.
Bolsonaro usou máscara na live que fez nesta quinta-feira ao lado do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e da intérprete de libras.| Foto: Reprodução/Fotos Públicas

Se a declaração de pandemia de coronavírus já havia alarmado os brasileiros no dia anterior, a apreensão aumentou nesta quinta-feira (12) com a notícia de que a doença invadiu o núcleo duro do governo. O presidente Jair Bolsonaro fez testes para detecção da covid-19 e surgiu de máscara em live nas redes sociais após a confirmação de que o chefe da Secretaria Especial de Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten, foi infectado pelo vírus. O resultado dos exames do presidente da República ainda não foi divulgado.

Bolsonaro foi ao rádio e à TV na noite de quinta para, novamente, pedir tranquilidade à população neste momento de emergência sanitária, apesar de reconhecer que o número de infectados no país deve crescer nas próximas semanas. Ele falou ainda em "serenidade e bom senso" ao desaconselhar que apoiadores de seu governo realizem os atos que estavam marcados para o domingo (15) por causa do risco de contágio por coronavírus – as manifestações acabaram adiadas por tempo indeterminado.

O temor neste momento é com a possível extensão do contágio no Palácio do Planalto. Na quarta (11), a suspeita de que o secretário de Comunicação poderia estar com coronavírus veio à tona após ele passar por exames no Hospital Israelita Albert Einstein. Wajngarten esteve na comitiva da viagem oficial de Bolsonaro à Flórida, nos Estados Unidos, junto a outros quatro ministros, e apresentou sintomas da doença quando retornou. Depois que o caso foi confirmado, ele entrou em quarentena domiciliar. Bolsonaro também está recolhido preventivamente e longe do contato de outras pessoas.

Em nota divulgada na quinta, a Secretaria de Comunicação afirmou que o serviço médico da Presidência da República adotou medidas para preservar a saúde de Jair Bolsonaro e de toda a comitiva presidencial que o acompanhou na viagem oficial aos Estados Unidos. Os servidores do Palácio do Planalto também estão sendo monitorados.

As autoridades do governo norte-americano que estiveram em contato com a comitiva brasileira foram notificadas sobre o caso.

Quem do núcleo duro teve contato com Wajngarten

Além de Wajngarten, outras figuras importantes do governo estavam na comitiva do presidente nos Estados Unidos, como o general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional; Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores; Fernando Azevedo e Silva; ministro da Defesa; e Bento Albuquerque, ministro de Minas e Energia. Todos estão sendo monitorados. A primeira-dama Michelle Bolsonaro também integrou a comitiva.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro, que viajou junto com o pai, fez exames nesta quinta para saber se tem a doença. Outras autoridades brasileiras, como o senador Nelsinho Trad (PSD-RJ) e o governador do Paraná, Ratinho Júnior, integraram a comitiva aos EUA.

Todos os integrantes estão sob monitoramento desde a quarta-feira. O general Heleno montou um gabinete para monitorar a saúde do presidente e do restante da comitiva, segundo o site O Antagonista. De acordo com a revista Veja, o Planalto estima que pelo menos 50 pessoas tiveram contato com Wajngarten durante a viagem aos EUA.

O secretário de Comunicação participou de eventos não só com o presidente brasileiro e sua comitiva, mas também com o presidente norte-americano, Donald Trump. No sábado (7), o secretário esteve em um jantar com a presença dos dois líderes. Durante a semana, chegou a postar fotos em que aparece abraçado a Trump e Bolsonaro. Indagado sobre o risco nesta quinta-feira, o presidente americano disse "não estar preocupado".

Caso de coronavírus afeta agenda do governo

O presidente Jair Bolsonaro tinha uma viagem marcada para Mossoró (RN) na manhã desta quinta. A agenda foi cancelada antes mesmo de que a notícia sobre Wajngarten fosse confirmada. O presidente participaria de uma cerimônia de entregas do governo para a região.

Os ministros da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, da Agricultura, Tereza Cristina, e do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, acompanhariam o presidente, mas também cancelaram a viagem.

Em vídeo publicado no Twitter, Marinho lamentou o cancelamento e disse que “a decretação da Organização Mundial da Saúde de uma pandemia mundial nos obriga a ter uma maior segurança com a figura do presidente da República e com as pessoas que estão no seu entorno”.

Com a viagem cancelada, Bolsonaro fez exames para saber se está com a doença, mesmo sem ter apresentado os sintomas. O resultado sai na sexta-feira (13), e o presidente não deve sair do Palácio da Alvorada até lá. Na manhã desta quinta, no próprio Alvorada, ele recebeu a visita de Alexandre Ramagem, diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), órgão ligado ao Gabinete de Segurança Institucional.

Outro membro do núcleo duro que teve sua agenda alterada foi o chanceler Ernesto Araújo, que continuou nos EUA depois do regresso de Bolsonaro. Ele estava em Washington e teria ao menos três reuniões na tarde da quinta com autoridades americanas, mas todas foram canceladas.

Na transmissão ao vivo que fez nas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro adiantou que assinará nesta sexta-feira (13) uma medida provisória (MP) para liberar R$ 5 bilhões para o enfrentamento do novo coronavírus. O valor atende a um pedido do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. "A gente pede a Deus que esse problema logo dissipe aqui no nosso país e a gente volte à normalidade", afirmou Bolsonaro, que chegou a dizer dois dias atrás que a covid-19 estava sendo "superdimensionada" por motivações econômicas.

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