Na próxima semana, o Brasil sedia a Cúpula da Amazônia, em Belém (PA), e, mais uma vez, a intenção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é discutir estratégias para a preservação da Amazônia e a integração dos países que formam a região - Bolívia, Colômbia, Guiana, Equador, Peru, Suriname e Venezuela.
Durante a apresentação do evento no Palácio do Itamaraty, em Brasília, nesta terça-feira (1º), a secretaria de América Latina e Caribe, Gisela Maria Figueiredo Padovan, afirmou que o intuito da cúpula é trazer os oito países para o centro de discussões que envolvem a preservação e defesa da região amazônica. “Estamos abertos a receber cooperação [de outros países], toda ajuda é bem-vinda. Mas a gestão é nossa”, disse a embaixadora.
Marcada para acontecer entre os dias 4 e 9 de agosto, a Cúpula da Amazônia vai discutir também ações de sustentabilidade, defesa e desenvolvimento da região.
No encontro, o governo brasileiro também tem o intuito de fortalecer a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), que é formada pelos oito países que integram a floresta amazônica.
Durante o evento desta terça, Padovan reforçou a importância da OTCA e o desejo de dar à organização o protagonismo para desenvolver ações na região amazônica. “O objetivo é fortalecer a OTCA, organização importantíssima nos debates e tratados voltados para a produção de conhecimento e formulação de projetos para superar os desafios na região da Amazônia”, disse.
Seis dos oito chefes de Estado dos países amazônicos estão confirmados para o evento. As exceções são os presidentes do Equador e Suriname, os quais irão vão enviar seus respectivos primeiros-ministros para o encontro.
O ditador venezuelano, Nicolás Maduro, é um dos participantes confirmados para a Cúpula da Amazônia. É a segunda vez que Maduro deve vir ao Brasil neste ano. Na primeira, em maio, Lula causou indignação até mesmo entre esquerdistas ao afirmar que a ditadura da Venezuela era apenas uma narrativa. O regime de Caracas é responsável por perseguição, prisões e assassinatos de opositores, mas tenta passar uma imagem de democracia realizando periodicamente eleições manipuladas.
Convidados
Além destes países, o presidente da França, Emmanuel Macron, também foi convidado para a cúpula com o intuito de representar a Guiana Francesa – região ultramarina da França na América do Sul. O francês, no entanto, não deve vir ao Brasil, mas ainda não se manifestou sobre o envio de um representante.
Os presidentes da Alemanha, da Noruega, da Indonésia, da República do Congo, da República Democrática do Congo, São Vicente e Granadinas também foram convidados para participar da Cúpula.
Até o momento, estão confirmadas as participações de representantes da República Democrática do Congo, e de São Vicente. O Itamaraty ainda aguarda o retorno dos demais convidados.
A intenção, de acordo com o Itamaraty, é fortalecer o diálogo e integração entre essas nações que possuem florestas tropicais.
Participação da sociedade civil ganha destaque na Cúpula da Amazônia
Com uma extensa programação durante os dias da Cúpula da Amazônia, o Ministério de Relações Exteriores reforçou a participação da sociedade civil nas discussões. “Não se pode falar da Amazônia sem os amazonenses”, ressaltou Padovan.
A pasta informou que líderes civis dos oito países que integram a Amazônia terão diálogos direto com a população para estudar estratégias para a região.
No último mês, em um evento na cidade de Leticia, na Colômbia, membros da OTCA tiveram diálogos abertos com a população amazonense para discutir estratégias de defesa e desenvolvimento sustentável na Amazônia.
Na próxima semana, o intuito é apresentar as medidas práticas para colocar essas estratégias em ação. Além do desenvolvimento sustentável, o combate ao crime organizado é uma discussão crucial para os países que formam a região.
Cooperação contra o crime organizado vai ser tema de discussão na Cúpula
Durante a cúpula, os países também vão apresentar estratégias de combate ao crime organizado na região amazônica. A criminalidade invadiu os terrenos, rios e também o tráfego aéreo da região da floresta.
Entre as ações sugeridas, estão a criação de um centro de cooperação policial dos países da Amazônia e um sistema integrado de controle do tráfego aéreo na região.
Ao fim da cúpula, os países vão assinar uma Declaração Conjunta, da qual os termos já estão sendo discutidos. Segundo fontes no Itamaraty, a assinatura vai partir de uma ação “conjunta” e não por votação. Ou seja, todos os países precisarão concordar com os termos e o tom que será adotado no documento.
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