Plenário da Câmara dos Deputados: deputados de oposição prometem resistência organizada contra governo Lula| Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados
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Enquanto vários parlamentares brasileiros aproveitam esta semana e a próxima para participar dos festejos juninos pelo país, matérias importantes para o Brasil ficam “de molho” esperando o fim da folga e o retorno normal das atividades legislativas.

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A última sessão deliberativa da Câmara foi realizada na terça-feira (20), com a votação de algumas urgências constitucionais e o início do debate sobre o Programa de Aquisição de Alimentos, do Executivo. Outros assuntos, porém, não puderam avançar porque, além da folga, o projeto de lei sobre o voto de qualidade do Conselho de Administração de Recursos Financeiros (CARF) está trancando a pauta do plenário da Câmara. O instrumento prevê a vitória da Receita Federal nos julgamentos do órgão em caso de empate, em detrimento do contribuinte.

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Ou seja, enquanto esta matéria não for analisada, nenhum outro projeto de lei pode ser colocado em votação – a apresentação do relatório sobre a proposta está marcada para 4 de julho. Isso ocorre porque o projeto do voto de qualidade foi enviado pelo Executivo à Câmara com urgência constitucional, o que impede a votação de outros projetos de lei.

Contudo, a análise de outras matérias, como requerimentos, projetos de decreto legislativo e Propostas de Emenda à Constituição, ainda poderiam ser apreciadas pelos deputados. Também é possível a realização de comissões gerais, quando o Plenário se reúne para discutir matérias de interesse geral, o que pode acontecer na semana que vem com a reforma tributária.

Relator do projeto do Carf tenta acordo com líderes

De acordo com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o relator do projeto do Carf, Beto Pereira (PSDB-MS), tenta um consenso para aprovação do texto, que deverá ser apresentado aos líderes na Casa somente na véspera da votação. A proposta do governo é reverter uma lei aprovada em 2020, que dava vitória ao contribuinte em caso de empate no Carf. Quando apresentou a MP sobre o tema, o governo alegou perdas fiscais de R$ 60 bilhões por causa desta regra.

A MP perdeu a validade em 1° de junho, sem ser votada pelos parlamentares, e por isso foi transformada em projeto de lei e passou a impedir as demais votações do plenário a partir de 21 de junho.

Fontes ouvidas pela Gazeta do Povo dizem que esse trancamento veio a calhar, já que a falta de votações em plenário permite que os deputados passem mais tempo nos estados – e participem das festas juninas.

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Tradição Junina 

O cientista político Cristiano Noronha, da Arko Advice, explica que essa diminuição das atividades parlamentares em junho já é uma "tradição" no Congresso. Para ele, não é necessariamente um prejuízo, já que muitas comissões têm reuniões agendadas e até a própria reforma tributária poderá ser melhor digerida neste período.

Ele cita que a paralisação não será total, já que as reuniões da CPMI devem continuar. Mas sem sessões deliberativas, muitos deputados acabam ficando em seus estados, o que pode cancelar agendas previamente marcadas por falta de quórum.

Reforma tributária e arcabouço fiscal estarão na pauta da Câmara em julho

A pauta do plenário para o retorno da atividade parlamentar, no início de julho, prevê o texto sobre o Carf, as alterações feitas pelo Senado ao texto do marco fiscal e a reforma tributária.

O relator, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-SP), apresentou uma prévia aos governadores nesta quinta-feira (22), numa reunião na residência oficial da presidência da Câmara.

Depois do encontro, Lira disse que “o texto será disponibilizado para que todos possam criticar e não será o que vai ser votado". "Foram feitas sugestões, e eu entendo que serão acomodadas diante do texto. É um tema complexo, e temos a obrigação de entregar a melhor reforma", completou.

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Enquanto a Câmara não tem sessões deliberativas previstas até o dia 4 de julho, o presidente Arthur Lira embarca para Portugal, onde participa do XI Fórum Jurídico de Lisboa, que tem início na segunda-feira (26). Nesta sexta-feira, Lira participa de reunião na Embaixada do Brasil na capital portuguesa.