Cena do documentário “Corrupção”, que traz o ex-juiz Sergio Moro como um dos entrevistados.| Foto: Reprodução/YouTube
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O ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro Sergio Moro postou em seu Twitter, na última segunda-feira (30), um link para um documentário hospedado no YouTube com o título “Corrupção – parte 1”. “É sobre um tempo diferente do atual, quando a corrupção era investigada e punida”, comentou ele sobre o vídeo. Moro não sabia, mas estava "vazando" um conteúdo ainda em fase de desenvolvimento.

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Os diretores do documentário, Felipe Bond e Marco Buchmann, explicam que colocaram o vídeo como não listado (isto é, inacessível por mecanismos de busca) no YouTube. Ficaram surpresos quando viram o número de visualizações subir de repente, já que se trata, ainda, de um material em estado quase bruto.

“Essa é uma versão que a gente fez para mostrar para os patrocinadores, mas eles acabaram mandando para o Moro, e o Moro divulgou, aleatoriamente”, diz Buchmann, em tom bem-humorado. Os diretores não ficaram desapontados com a repercussão, mas esclarecem que não sabem nem sequer se "Corrupção" será um filme, uma série ou uma trilogia.

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O foco do vídeo, de 55 minutos, é o início da Operação Lava Jato no Brasil. Há uma detalhada explicação das conexões da Lava Jato com o caso Banestado – um escândalo, dos anos 1990, de remessas ilegais de dinheiro para o exterior.

Apesar de a Lava Jato ser o centro do vídeo, os diretores do documentário dizem que a intenção é produzir um material amplo e abrangente sobre a corrupção no país. A Lava Jato é só um dos casos a serem abordados.

Bond e Buchmann afirmam que já têm 43 entrevistas gravadas e que estão em fase de negociação com algumas plataformas para definir formatos de publicação da obra. O que já sabem, por enquanto, é que querem falar da corrupção sem tomar partido.

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Quem foi ouvido para a primeira parte do documentário

Entre as personalidades que aparecem em “Corrupção – parte 1” estão algumas figuras importantes ligadas à Lava Jato que raramente concedem entrevistas longas, como o próprio Moro e a juíza Gabriela Hardt, que o substitui temporariamente quando ele deixou a magistratura para ingressar no governo Bolsonaro.

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Outros entrevistados são Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara dos Deputados; Rodrigo Janot, ex-procurador geral da República; Deltan Dallagnol, ex-coordenador da força-tarefa Lava Jato no Paraná; e Carlos Ayres Britto, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

Recentemente, Buchmann recebeu uma mensagem de Rodrigo Janot elogiando esse aspecto do vídeo publicado no YouTube. “Sensacional. Muito bom mesmo. Documentário que instrui sem tendências. Se você permitir, vou usar nas minhas aulas”, disse o ex-PGR.

“A ideia é essa, é não ser tendencioso. Tentar ouvir os dois lados. As críticas ao processo de combate à corrupção também têm que ser feitas”, afirma o diretor. Para ele, o mais importante é “trazer a corrupção à tona”. “Por que isso está tão enraizado na nossa cultura? O que fazer para mudar isso? A primeira coisa que a gente tem que fazer é dar conhecimento de como as coisas funcionam. Não estou falando de PT, PSDB, PSL… Não é partido, é a corrupção que a gente quer discutir, da forma mais clara e pura.”

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Início da Lava Jato não tinha a ver com o governo, conta Gabriela Hardt

A parte do documentário postada no YouTube e divulgada por Moro não traz novidades "bombásticas" sobre a Lava Jato, mas conta detalhes de bastidores sobre os primeiros passos da operação.

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A juíza Gabriela Hardt relembra, em certo momento, o dia em que Moro comentou sobre o caso da Range Rover dada pelo doleiro Alberto Youseff de presente a Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras. Para ela, essa origem da Lava Jato, em um caso fortuito, demonstra que os membros da força-tarefa não tinham nenhum interesse político ao deflagrar a operação.

“Eu sou testemunha, na deflagração da primeira fase, de que o objetivo inicial não era investigar a corrupção, muito menos investigar a corrupção na Petrobras, ou no governo federal, ou qualquer coisa que se acusa hoje”, diz ela.

O próprio Moro conta, no documentário, que os elementos iniciais da investigação que levou à Lava Jato não chamavam atenção especial. “Havia uma investigação que já corria há algum tempo lá na minha Corte. Era uma investigação que não avançava muito, tinha dificuldades. Mas, ali pelo ano de 2013, ela começou a ganhar certo impulso, em decorrência da atuação, principalmente, do delegado [da Polícia Federal] Márcio Anselmo, na época. E chegaram a identificar algumas pessoas que estavam envolvidas no que nos parecia lavagem profissional de dinheiro”, diz o ex-juiz.

Material bruto do documentário sobre corrupção será retirado do ar

Segundo Buchmann e Bond, a parte do documentário divulgada por Moro ficará no YouTube por mais alguns dias e, depois, deverá ser removida da plataforma. Enquanto isso não acontece, o vídeo pode ser acessado neste link.

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