Edmar Camata é policial rodoviário de carreira e atual secretário de Transparência do Espírito Santos| Foto: Divulgação/Governo do Espírito Santo
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O futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, anunciou nesta terça-feira (20), em Brasília, a indicação de Edmar Camata, de 41 anos, como novo diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF). A corporação foi acusada nos últimos anos de ser um dos principais redutos de apoio ao presidente Jair Bolsonaro entre as forças policiais. Camata recebeu a missão do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de, a partir de janeiro, "despolitizar" a PRF.

Edmar Camata é policial rodoviário federal de carreira, tendo atuado no patrulhamento de estradas. Ingressou na PRF em 2006, mas está licenciado desde janeiro de 2019, quando assumiu o cargo de secretário de Controle e Transparência do Espírito Santo. Ele havia disputado, sem sucesso, as eleições para deputado federal pelo PSB capixaba em 2018. É sobrinho do ex-senador e ex-governador Gérson Camata, assassinado em 2018, e próximo do atual governador capixaba Renato Casagrande (PSB).

Casagrande desejou sucesso ao apadrinhado político nas redes sociais. “Parabenizo o Secretário de Controle e Transparência, Edmar Camata, pela indicação ao cargo de Diretor-Geral da Polícia Rodoviária Federal. Agradecemos seu trabalho desenvolvido no ES e desejamos muito sucesso em sua nova jornada”, escreveu.

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Natural do Rio de Janeiro, Edmar Moreira Camata é formado em Direito pela Universidade Federal do Espirito Santo (UFES). É mestre em Políticas Anticorrupção pela Universidade de Salamanca (Espanha) e tem especializações em Gestão Integrada em Segurança Pública e Ministério Público e Defesa da Ordem Jurídica, além de MBA em Gestão Pública.

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"É uma pessoa que tem amplo conhecimento da instituição, uma vez que já a integra há 18 anos e, ao mesmo tempo, tem experiência de gestão", disse Dino.

O novo diretor-geral da PRF atuou na ONG Transparência Capixaba entre 2006 e 2018, com foco na cobrança por transparência estatal e combate à corrupção, e ssegundo o portal UOL, ajudou a criar o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral. Ele participou ainda da campanha "10 Medidas Contra a Corrupção", impulsionada pelo ex-procurador e ex-coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Paraná Deltan Dallagnol, hoje deputado federal eleito (Podemos-PR), em 2016.

Como secretário de estado, Edmar Camata recolocou o Espírito Santo na liderança de um ranking da Controladoria-Geral da União (CGU) que mede a transparência pública. O estado obteve nota 10 no quesito, enquanto a média dos municípios capixabas foi de 8,55, a melhor do país.

O estado também alcançou o melhor índice de transparência e governança pública entre os estados, segundo a Transparência Internacional Brasil, além de ser primeiro lugar em transparência nas informações sobre a pandemia e nos gastos para combater a Covid-19, de acordo com a Transparência Internacional Brasil e da Open Knowledge Brasil.

Edmar Camata substitui diretor da PRF que virou réu por improbidade

O anúncio de Edmar Camata ocorreu no mesmo dia em que o Diário Oficial da União trouxe a exoneração do atual diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, réu por improbidade administrativa acusado de usar o cargo em favor da candidatura à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL).

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A corporação virou alvo de críticas quando, no dia do segundo turno das eleições, realizou ações para fiscalizar ônibus que transportavam eleitores no Nordeste, contrariando uma determinação em contrário do Tribunal Superior Eleitoral. As ações foram vistas como uma tentativa de intimidação contra os eleitores de Lula.

Depois das eleições, quando manifestantes bloquearam rodovias em protestos contra a derrota de Bolsonaro, a PRF foi acusada de não impedir os bloqueios e de ainda protelar medidas para liberar as estradas. No governo Bolsonaro, a PRF ficou marcada ainda pela morte de um homem abordado por uma equipe porque estava pilotando uma moto sem capacete. Ele foi algemado e preso no porta-malas de uma viatura, e morreu asfixiado depois que um dos agentes que o abordaram lançar uma bomba de gás para supostamente contê-lo.

Na coletiva em que anunciou o nome de Camata e de outros membros da cúpula da Policia Federal, o futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou que "esses episódios serão objeto da devida apuração legal" e "não se repetirão". Disse ainda que “a nova direção que está sendo apresentada tem toda a todas as condições e autoridade legal e moral para estabelecer a liderança” da PRF. “Eu confio no cumprimento dos deveres éticos, nos funcionários, em cada integrante da Polícia Rodoviária Federal.”

A indicação de Edmar Camata foi bem recebida pela Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (FenaPRF), principal entidade de classe da categoria.

"A FenaPRF, entidade representativa da categoria em âmbito nacional, em nome das 20 mil famílias de PRFs ativos e aposentados, recepciona e congratula o PRF Camata por sua nova missão e reafirma o seu comprometimento em manter sua atuação isenta e em absoluta e irrestrita defesa dos homens e mulheres PRFs que efetivamente constroem a instituição PRF em seu caráter de importância e relevância junto à sociedade brasileira", informou a instituição sindical.

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Em nota, a FenaPRF congratulou Camata e disse estar à disposição para o pleno diálogo e para a construção propositiva de políticas de valorização dos policiais rodoviários. "A Federação deseja absoluto sucesso ao PRF Camata em sua gestão. O sucesso de seu comando à frente da PRF representa o sucesso de toda a categoria e, sobretudo, o aumento do bem-estar e da paz social para a população brasileira", afirmou a entidade.