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O filho do presidente, Eduardo Bolsonaro.| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Após uma longa e controversa novela, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) foi confirmado o líder de seu partido na Câmara dos Deputados. A chegada do filho 03 do presidente da República ao posto simbolizou a vitória da ala "bolsonarista" do PSL contra um grupo mais conectado ao comandante do partido, o também deputado federal Luciano Bivar (PE). Mas também inseriu Eduardo em sua quarta "carreira" na Câmara dos Deputados, a mais importante até o momento.

A primeira trajetória Eduardo vivenciou ao longo de quase todo o seu primeiro mandato, entre 2015 e 2018. Na ocasião, sua função era a de ser um escudeiro e também caixa de ressonância do pai Jair. Assim como o veterano, que exercia na ocasião seu sétimo mandato federal, Eduardo defendeu causas como o combate ao desarmamento, o legado do regime militar brasileiro e a pauta conservadora nos costumes. Também tal qual o pai, Eduardo se envolveu em disputas com representantes da esquerda, como Jean Wyllys (PSOL-RJ), Erika Kokay (PT-DF) e Maria do Rosário (PT-RS).

A segunda função foi a mais breve e se deu no período final de 2018, após Bolsonaro ter vencido a eleição presidencial. Em outubro daquele ano, Eduardo foi alçado pela primeira vez ao cargo de líder do PSL na Câmara. A tarefa, entretanto, em nada se assemelha à dos dias atuais: na ocasião, o PSL era um partido pequeno. Além disso, as atenções naquele momento se colocavam pouco sobre a Câmara e mais sobre o Palácio do Planalto, que planejava a transição entre as gestões de Michel Temer (MDB) e Bolsonaro.

O terceiro papel desempenhado por Eduardo na Câmara foi o que se viu entre o início de 2019 e a detonação da atual briga do PSL. Foi a função do Eduardo "chanceler" – um deputado atento mais a questões internacionais do que ao dia a dia do Legislativo. Ele conquistou a presidência da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, a primeira vez que chegou à chefia de um colegiado; mas os atos de fora do parlamento foram os que mais atraíram repercussão. Eduardo acompanhou Bolsonaro em viagens internacionais, se aproximou de lideranças conservadoras de outros países e, no momento em que mais atraiu holofotes em 2019, foi escolhido pelo pai para ser o embaixador brasileiro nos EUA. A contenda no PSL acabou por desmontar o plano internacional.

Com isso, Eduardo chegou ao comando de uma bancada que hoje é formada por 53 deputados, mas que detém fissuras que a tornam, na prática, menor do que os números indicam. Eduardo liderará desafetos como Joice Hasselmann (SP), Delegado Waldir (GO) e Júnior Bozzella (SP), entre outros.

De "deputado fantasma" a líder

Desempenhar as tarefas cotidianas de líder será uma grande transição para o 2019 de Eduardo Bolsonaro. Ao longo do ano ele chegou a justificar, em discursos e entrevistas à imprensa, que não poderia manter o mesmo perfil aguerrido de anos anteriores por agora ser o filho do presidente.

De fato, Eduardo não figura entre os membros de seu partido mais presentes nos debates que marcam as terças e quartas-feiras do plenário da Câmara dos Deputados. Mesmo antes da atual disputa no PSL, Eduardo era personagem menos presente do que outros nomes de seu partido. Números divulgados no site da Câmara atestam o quadro: Eduardo fez 26 pronunciamentos no Plenário em 2019, número que é exatamente a metade do registrado por Joice Hasselmann. Em 2015, no seu primeiro ano como deputado federal, Eduardo foi aos microfones do plenário 61 vezes.

A presença menos constante no plenário foi base para uma das críticas que o antigo aliado Kim Kataguiri (DEM-SP) fez a Eduardo em agosto, quando os dois trocaram farpas por conta de uma votação sobre punição a divulgadores de "fake news". "Deputados fantasmas, como Eduardo Bolsonaro, que colocam a digital no plenário e vão embora, olham para o painel, seguem a liderança do partido e só sabem o que votaram depois de votar", escreveu o parlamentar do DEM. No mesmo embate, Kataguiri chamou Eduardo de covarde, mimado e irresponsável.

Acordo de Alcântara foi bandeira de Eduardo

Com a "distância" do plenário, um dos momentos de mais protagonismo de Eduardo dentro do Congresso em 2019 foi a aprovação do acordo entre Brasil e EUA para utilização da base aeroespacial em Alcântara (MA).

O projeto foi tema de diversos pronunciamentos de Eduardo e também de articulações constantes conduzidas pelo deputado, desde os momentos em que a Câmara aprovou a tramitação em regime de urgência da proposta.

Ao final, o acordo foi aprovado com 329 votos a favor e 86 contra. Até o PCdoB, adversário ferrenho do governo Bolsonaro, se colocou em defesa da iniciativa. "É o Brasil no rumo da tecnologia e emprego. Parabéns Maranhão, parabéns Brasil!", escreveu Eduardo no dia da votação.

O foco atual do parlamentar está na CPI Mista das Fake News, da qual é um dos integrantes – o que passou a ser apenas após a remoção de Delegado Waldir da liderança do partido. O deputado tem cerrado fileiras ao lado dos correligionários Caroline de Toni (SC) e Filipe Barros (PR) na comissão, que chamam de "CPI da Censura".

Apoio popular inabalado

Apesar do momento recente ter transformado antigos apoiadores de Eduardo em adversários, o prestígio do parlamentar segue forte em alguns dos segmentos que impulsionam a família Bolsonaro. Recentemente, Eduardo foi condecorado na Assembleia Legislativa de São Paulo, em iniciativa do deputado estadual Gil Diniz (PSL), o chamado "Carteiro Reaça", que é visto como o principal aliado da família no PSL paulista.

Citar o apoio popular é parte da estratégia de Eduardo para reverter os impactos negativos da desistência da ida à embaixada brasileira nos EUA. "Tinha muita gente contando que eu ia para Washington. Mas quando viram que não vou mais começaram a mirar em mim. Não deixarei uma lacuna em SP. Como disse no discurso,vou andar por SP e Brasil identificando pessoas bem intencionadas para somar forças neste mov. conservador", postou nas redes sociais.

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