O embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, afirmou nesta quarta-feira (21) que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu precisam "escolher as palavras com mais cautela". Brasil e Israel vivem uma crise diplomática após Lula comparar a ação militar israelense na Faixa de Gaza com o Holocauto. Zonshine disse que a fala do mandatário brasileiro foi "problemática", mas não pode impedir as relações entre os dois países.
“Temos que escolher as palavras com mais cautela, com essa visão de longo prazo na cabeça, e agir de uma maneira – não quero dizer mais responsável – mas olhando o longo prazo. Não quero usar palavras difíceis, mas baixar o tom das palavras, baixar o tom dos discursos para olhar o longo prazo”, disse o embaixador em entrevista à coluna de Thais Bilenky, no portal UOL.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, criticou a conduta do chanceler israelense, Israel Katz. Para o brasileiro, “Katz distorce posições do Brasil para tentar tirar proveito em política doméstica”. Na segunda (19), Katz levou o embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer, ao Memorial do Holocausto de Jerusalém e disse que Lula seria classificado como uma “persona non grata” em Israel até que se retrate formalmente.
O gesto foi considerado uma reprimenda pública por membros do Itamaraty. Lula chamou o embaixador de volta ao Brasil após o episódio. Vieira e Zonshine conversaram sobre a postura de Katz no mesmo dia. Segundo o embaixador de Israel, o tom da reunião foi “duro”. Em nota, o ministro brasileiro afirmou que a chancelaria israelense recorre “sistematicamente à distorção de declarações e a mentiras” para rebater a fala de Lula.
Zonshine reforçou a postura de baixar o tom das trocas de acusações entre os dois países. “Temos que dar mais tempo para as coisas e evitar declarações dessa natureza… Com o tempo, vamos ver de que maneira podemos melhorar e voltar para coisas mais práticas e que os dois lados se beneficiem”, disse o embaixador.
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