Com o fim das eleições municipais, as atenções em Brasília se voltam agora para a disputa pelo comando da Câmara dos Deputados. A votação está marcada para daqui dois meses, após o recesso de janeiro. Pelo menos seis candidatos ao cargo de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na Mesa Diretora já estão em campanha. Eles buscam, principalmente, o apoio de parlamentares da esquerda.
Apesar do recente resultado desfavorável nas urnas, quando encolheram de tamanho e perderam espaço para a centro-direita, partidos como PT, PSB, PDT, PCdoB e Psol são considerados peça-chave na eleição da Câmara. Eles somam hoje 132 votos e podem desequilibrar a disputa.
Ainda em dúvida se vão lançar ou não candidato próprio, as siglas de esquerda pretendem exigir contrapartidas para declarar apoio a alguém. Querem, por exemplo, que o sucessor de Maia se comprometa a incluir na pauta legislativa uma série de matérias classificadas por eles como de “defesa do trabalhador”, como a não votação da autonomia do Banco Central e o veto ao processo de privatização dos Correios.
Até o momento, estes partidos ainda não definiram qual será a estratégia no processo sucessório da Câmara. O líder do PT na Câmara, deputado Enio Verri (PR), diz que terá uma reunião com sua bancada na retomada dos trabalhos legislativos para definir como a sigla vai se posicionar na eleição da Mesa Diretora. “Vamos colocar em consideração, principalmente, a nossa luta histórica em defesa dos interesses dos trabalhadores”, disse o líder do PT. As bancadas de PCdoB, PDT e PSB também devem se reunir internamente nesta semana.
Os partidos de esquerda vão discutir a possibilidade de lançar um candidato em bloco ou apoiar um dos principais postulantes ao cargo – Arthur Lira (PP-AL), Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Baleia Rossi (MDB-SP), Marcos Pereira (Republicanos-SP), Capitão Augusto (PL-SP) ou Marcelo Ramos (PL-AM).
Historicamente, apenas o Psol tem lançado candidatos independentemente de uma formação de bloco com outras siglas da esquerda. Por isso, membros do partido buscam convencer o deputado Marcelo Freixo (Psol-RJ) a lançar candidatura, o que, para os deputados da agremiação, pode fomentar uma frente destes partidos em prol de uma candidatura psolista.
No PT, dois deputados são tidos como candidatos naturais, conforme membros do partido: a própria presidente do partido, a deputada Gleisi Hoffmann (PR), ou o líder da minoria, o deputado Carlos Zaratini (SP). No PDT, PSB e PCdoB não existem nomes considerados “fortes” em uma disputa pelo comando da Casa.
A agenda da esquerda para o futuro da Câmara
Independentemente do posicionamento, os parlamentares destas siglas já têm em mente que vão apoiar um candidato que se comprometa com uma agenda legislativa menos liberal que a imposta por Rodrigo Maia, responsável por dar seguimento à reforma da Previdência, por exemplo.
Neste aspecto, os parlamentares da esquerda querem pressionar o próximo presidente da Câmara a travar qualquer privatização a ser tocada nesta segunda metade do governo Jair Bolsonaro, principalmente a dos Correios, e o seguimento da reforma administrativa, uma bandeira de Rodrigo Maia.
Outro componente que está sendo colocado na balança pelos parlamentares de esquerda é o não alinhamento automático com o Palácio do Planalto. O líder do PT já admitiu nos bastidores que está aberto a conversas com Arthur Lira, candidato do Planalto, mas isso não necessariamente significa um apoio ao parlamentar do PP. Outros líderes de esquerda admitiram à Gazeta do Povo que dificilmente devem fazer coro à candidatura de Lira, justamente por ela ser de interesse direto do presidente da República.
Assessores palacianos acreditam que caso Lira venha a ser o próximo presidente da Câmara, seria possível impor uma agenda legislativa mais alinhada às promessas de campanha de Bolsonaro, inclusive na área de costumes. Com isso, o presidente teria o condão de reconquistar o apoio de uma parcela do voto conservador. Em caráter reservado, um assessor palaciano resume: “Até hoje tem uma parcela do conservador que não gostou da nomeação do Nunes Marques para o Supremo Tribunal Federal (STF). Com uma pauta mais conservadora, temos a chance de reconquistar esse eleitorado”.
A esquerda, por sua vez, tem conhecimento disso e sabe que apoiar um candidato à presidência da Câmara chancelado por Bolsonaro terá impacto decisivo na eleição de 2022.
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF
Deixe sua opinião