Deputada Carla Zambelli e Walter Delgatti são investigados pela PF por conta de uma invasão ao sistema do CNJ| Foto: Reprodução/ Twitter
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Após ser preso pela Polícia Federal na Operação 3FA, nesta quarta-feira (2), o hacker Walter Delgatti Neto prestou depoimento à polícia. Segundo a CNN Brasil, ele teria afirmado que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) o questionou se seria possível invadir uma urna eletrônica. Apesar da afirmação de Delgatti, não foram divulgados detalhes ou comprovações sobre a declaração.

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Após a divulgação das informações, o depoimento do hacker começou a ser usado pelos parlamentares de esquerda para atacar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A deputada federal e presidente do PT, Gleise Hoffmann (PR), falou em "conluio para desacreditar as urnas". “Bolsonaro sabia que hacker agiu em conluio com militares para desacreditar urnas. Bolsonaro vai depor na PF. (…) Não tá fácil a vida dos golpistas. Pagarão!", afirmou a petista.

As acusações vieram à tona um dia após a CPMI do dia 8 de janeiro aprofundar as revelações sobre a omissão do governo federal no episódio. Na terça, o ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Saulo Moura da Cunha, que admitiu ter adulterado relatório de inteligência a mando do ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Marco Gonçalves Dias.

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Como uma tentativa de mudar o foco, agora governistas querem convocar o hacker Walter Delgatti a prestar depoimento na CPMI do 8 de janeiro. Pelo menos quatro pedidos foram apresentados ao colegiado nesta quarta-feira (2). A votação dos pedidos depende de decisão do presidente do colegiado, deputado Arthur Maia (União-BA), em uma reunião antes do início da sessão.

Depoimento

Com relação à tentativa de invasão do código-fonte das urnas eletrônicas, Delgatti disse que se encontrou com Bolsonaro no Palácio da Alvorada, em Brasília. Na ocasião, o ex-presidente teria perguntado se com o código-fonte o hacker conseguiria invadir a urna eletrônica. Mas Delgatti informou que o plano não foi adiante, porque "o acesso dado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ao código-fonte "foi apenas na sede do Tribunal” e ele “não poderia ir até lá”", segundo a CNN Brasil.

Ainda de acordo com o site, a declaração de Delgatti, investigado por invasão em sistemas do Poder Judiciário, é citada na decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que autorizou a operação desta quarta.

Já a Polícia Federal informou que a operação teve como objetivo de “esclarecer a atuação de indivíduos na invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e na inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP)”.

“As ações ocorrem no escopo de inquérito policial instaurado para apurar a invasão ao sistema do CNJ, que tramitou perante a Justiça Federal, mas teve declínio de competência para o Supremo Tribunal Federal (STF) em razão do surgimento de indícios de possível envolvimento de pessoa com prerrogativa de foro”, completou a PF.

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Em depoimento à PF em junho, Delgatti já havia informado que teria sido demandado por Carla Zambelli, em setembro de 2022, às vésperas da eleição, para tentar invadir urna eletrônica ou qualquer sistema da Justiça com a intenção de mostrar a fragilidade dos dispositivos. No entanto, ele disse que não conseguiria acessar a urna pelo código-fonte não estar conectado a um computador em rede.

No depoimento desta quarta, Delgatti falou também sobre a suposta participação de Zambelli e negou qualquer outra participação na invasão do sistema do CNJ. Ele negou qualquer envolvimento do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Segundo Delgatti, ao tomar conhecimento que ele tinha acesso ao sistema do CNJ, Zambelli fez um texto falso e emitiu um mandado de prisão contra Moraes. Ele ainda disse que recebeu R$ 3 mil da deputada para ficar à disposição, e que, com a minuta falsa, Zambelli teria vazado o documento a um portal de notícias.

Já a deputada Carla Zambelli negou qualquer envolvimento no esquema e disse que a única relação que tinha com Delgatti foi para a contratação de serviços de tecnologia para o seu site pessoal. Ela disse que se encontrou com ele apenas três vezes e que o levou para conversar com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, para oferecer serviços ao partido.

Ao ver que ele tinha um profundo conhecimento de tecnologia, que disse que gostaria de participar dos processos de auditoria das urnas eletrônicas nas eleições e que queria conhecer o então presidente, Carla Zambelli o levou para conversar com Bolsonaro.

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Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]