Autor de facada em Bolsonaro foi considerado inimputável.| Foto: Divulgação/PF

O iraniano Farhad Marvizi, que ficou preso por cerca de um mês na cela vizinha à de Adélio Bispo, diz ter informações desconhecidas pela polícia a respeito da facada contra o presidente Jair Bolsonaro (PSL), ocorrida em setembro de 2018 em Juiz de Fora. Em depoimento, obtido pela revista Crusoé, Marvizi pede que seja perdoado pelos crimes que cometeu - que somam pena de mais de 30 anos de reclusão - para contar o que sabe.

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De acordo com a publicação, o iraniano, conhecido como Tony, chegou a enviar cartas para o próprio presidente e para outras autoridades (entre elas o vice-presidente, Hamilton Mourão, e o Procurador-Geral da República, Augusto Aras), alegando saber quem é o mandante do atentado. Marvizi, além disso, diz que outra pessoa ajudou na realização da facada, informando Bispo do momento em que Bolsonaro ficaria mais vulnerável em meio à multidão. Ambos, de acordo com o preso, são políticos e pessoas "da alta sociedade", que possuem muita influência.

Ainda de acordo com o depoimento do preso - tomado pelo delegado que investiga o caso, Rodrigo Morais Fernandes -, Bispo seria ligado a uma facção e teria recebido a promessa de um pagamento de R$ 500 mil para que Bolsonaro fosse morto. Pessoas da mesma facção, não identificadas pelo iraniano, teriam dado cobertura no dia do atentado.

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Questionado sobre como obteve essas informações, Marvizi afirma que teria dito a Bispo que pertence à mesma facção que ele, de modo a ganhar a sua confiança. Teria, também, afirmado que tinha contato com um advogado "muito influente" em Minas Gerais - o que confessa ser uma mentira, criada apenas para estimular Bispo a contar o que sabia.

A polícia questionou o iraniano sobre provas a respeito das afirmações. O preso respondeu que revelaria nomes a partir do perdão judicial, que seriam corroborados por mensagens no computador e no celular de Adélio Bispo. Ambos já foram apreendidos pela Justiça.

Iraniano é conhecido por ser pouco confiável

Não é a primeira vez que Marvizi afirma às autoridades ter informações privilegiadas a respeito de crimes. Em 2014, o iraniano denunciou um suposto plano do Primeiro Comando da Capital (PCC) para sequestrar o ex-marido da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Após reforçar a segurança em torno do ex-marido de Dilma por uma semana, a Polícia Federal concluiu que o plano nunca existiu.

O preso também já escreveu cartas com supostas informações exclusivas para outras personalidades e autoridades, como Donald Trump e Silvio Santos. Ele foi condenado por encomendar o assassinato de um auditor da Receita Federal, e também pelos crimes de descaminho, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Autor da facada foi absolvido por ter doença mental

Adélio Bispo foi absolvido pela Justiça por ter uma doença mental, que o levou a cometer o crime. Ele permanece em isolamento e internado por prazo indeterminado. Os laudos psiquiátricos realizados por médicos particulares apontaram que ele possui Transtorno Delirante Persistente. A determinação é de que ele seja avaliado a cada três anos.

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A Polícia Federal chegou a oferecer, ainda nesta semana, um acordo de delação premiada para Bispo e seus advogados. O preso, entretanto, recusou a oferta, afirmando que não tem mais nada a acrescentar ao caso e que não agiu a mando de ninguém. Ele permanece na Penitenciária Federal de Campo Grande.