“Várzea jurídica”: o ministro do STF Alexandre de Moraes e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Flávio Criticou Moraes e a Primeira Turma após a condenação do núcleo 4.| Foto: André Borges/EFE; André Borges/EFE
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O senador Flávio Bolsonaro utilizou uma postagem no X, nesta quarta-feira (22), para criticar a condenação do núcleo 4, parte de um grupo de ações penais que apura suposta tentativa de golpe de Estado, que teria ocorrido em 2022.

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Em sua manifestação, Flávio questiona qual artigo do Código Penal criminalizaria o que Moraes classificou como "ataque às urnas eletrônicas". Após a indagação, ele diz que o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes transformou o Brasil em uma "várzea jurídica", e que os "coleguinhas de Turma" estariam tão somente "obedecendo, já que os alvos são Bolsonaro e qualquer um em seu entorno".

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Primeira Turma condenou núcleo 4 e reabriu investigação contra presidente do PL

O julgamento, finalizado na última terça-feira (21), trouxe duas surpresas. Primeiramente, Moraes relembrou a ausência, nos autos, de uma prova que a Procuradoria-Geral da República mencionou nas alegações finais. O documento comprometeria o presidente do Instituto Voto Legal, Carlos Cesar Moretzsohn Rocha. Com efeito, o relator invocou o princípio do in dubio pro reo (na dúvida, julgue a favor do réu). Por isso, resolveu absolver Moretzsohn dos crimes de tentativa de Golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Restaram, a este réu, os crimes de organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

A segunda surpresa veio ao final do voto de Moraes. Ao longo da leitura, ele destacou o pedido de verificação das urnas eletrônicas feito pelo PL em 2022. Relembrou que determinou multa de quase R$ 23 milhões ao partido, por litigância de má-fé. Mas o que parecia apenas um embasamento para a condenação do núcleo 4 mostrou-se mais do que isso: Moraes votou para reabrir a investigação contra o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. O pedido terminou aprovado pela Primeira Turma. A suspeita de Moraes é que Valdemar utilizou o pedido de verificação das urnas como reforço ao suposto plano de golpe de estado.

Veja as penas aplicadas ao núcleo 4

A menor pena fixada foi para Carlos Cesar Moretzsohn Rocha, já que foi condenado por menos crimes do que os demais. A condenação ficou em sete anos e meio de prisão. Além disso, a pena inicia no regime semiaberto.

Por outro lado, o major da reserva do Exército Ângelo Denicoli recebeu a punição mais dura. Alvo de uma longa exposição no voto de Moraes, que o apontou como principal articulador do núcleo 4, ele ficará preso por 17 anos.

Além de Moretzsohn, só havia mais um réu sem patente militar: o agente da Polícia Federal Marcelo Bormevet. Ele foi condenado a 14 anos e meio de prisão.

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O tenente-coronel Guilherme Almeida e o ex-major Ailton Moraes Barros, ambos do Exército, receberam a mesma pena: 13 anos e meio de prisão.

Ainda na ativa no Exército, o subtenente Giancarlo Rodrigues e o coronel Reginaldo Abreu também fazem parte das acusações. Enquanto Giancarlo foi condenado a 14 anos, Reginaldo recebeu pena de 15 anos e meio de prisão.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]