O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino.| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil.
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O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou na noite deste domingo (8) que o governo do Distrito Federal mudou o esquema de segurança na véspera dos protestos que resultaram na invasão das sedes dos Três Poderes, em Brasília. O ministro classificou os atos de vandalismo como "terrorismo".

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"Nos dias que antecederam esses episódios, inéditos no Brasil, houve uma preparação que se baseou nas responsabilidades constitucionais do governo do Distrito Federal. Não obstante, a esse entendimento, nós tivemos uma mudança de orientação administrativa ontem, em que o planejamento que não comportava a entrada de pessoas na Esplanada foi alterado na última hora", apontou Dino.

"Ainda assim, havia por parte do governo do DF uma visão de que a situação estaria sob controle”, acrescentou. Em coletiva, o ministro disse que o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), "ao efetuar o pedido de desculpas públicas, reconhece que algo deu errado no planejamento".

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Dino afirmou que só soube sobre da mudança no esquema de segurança pela imprensa. "Quero crer que o senhor governador [Ibaneis Rocha] vai apurar as responsabilidades em relação aqueles que não cumpriram seus deveres constitucionais. Da nossa parte, nós organizamos o que nos cabia", afirmou o ministro.

Dino ressaltou que a Polícia Federal não é ostensiva, e sim, judiciária. No sábado (7), o ministro autorizou o uso da Força Nacional para conter protestos na Esplanada dos Ministérios. "A Força Nacional é um complemento à ação da polícia local. Este complemento foi feito, mas infelizmente, por conta da mudança de planejamento e omissões – que serão apuradas – esse complemento se revelou insuficiente diante da gravidade do que ocorreu", afirmou.

O ministro ressaltou que a pasta atuou para reforço das forças de segurança do DF e solicitou a intervenção federal na segurança pública, que foi acatada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Dino afirmou ainda que Ibaneis deve "responder se alguém se omitiu, se alguém o enganou e por que".

Investigação e prisões vão continuar

Flávio Dino afirmou que os danos nos prédios públicos foram "gravíssimos" e que a perícia nos locais está sendo feita. Segundo o ministro, aproximadamente 200 pessoas foram detidas em flagrante. "As prisões em flagrante continuam, porque tecnicamente o flagrante ocorre durante o cometimento do crime ou logo após, ou seja, as pessoas que estão sendo acompanhadas neste momento ainda estão, à luz do Código de Processo Penal, em situação de flagrância", disse.

Além disso, 40 ônibus foram apreendidos e o ministério já teria identificado os ônibus que se dirigiram ao DF, as pessoas que financiaram as viagens e os passageiros.

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O ministro afirmou ainda que está mobilizando policiais dos estados, cedidos por governadores, para fortalecerem a segurança na capital federal a partir desta segunda-feira (9) e nos próximos dias. "Porque, lamentavelmente, ainda há pessoas neste instante na internet falando em continuidade dos atos terroristas", afirmou. "E não conseguirão destruir a democracia brasileira", completou.

Dino diz que ideologia atrapalha deveres funcionais

O ministro foi questionado sobre a preocupação com a atuação da Polícia Militar do DF. “Infelizmente, houve uma confusão nacional entre deveres funcionais e preferências ideológicas, ou seja, há sim preferências ideológicas nas instituições atrapalhando o cumprimento de deveres funcionais”, afirmou.

“Basta olhar que, quando a Polícia Militar do Distrito Federal junto com o contingente disponível da Força Nacional entrou no terreno efetivamente, em uma hora a situação estava resolvida, depois de três horas de desatino. A mostrar o que? Que houve deficiência de planejamento e que mais uma vez vimos essa infiltração perversa de ideologias exóticas, inaceitáveis em instituições do estado brasileiro”, completou Dino.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]