O corte de Orçamento que atingiu todos os ministérios do governo Jair Bolsonaro chegou também aos militares. O alto comando das Forças Armadas foi comunicado nesta terça-feira (7) de um bloqueio de 43% da verba prevista para este ano. O comunicado foi feito pelo ministro da Defesa, o general Fernando Azevedo e Silva. O percentual representa cerca de R$ 5,8 bilhões.
Segundo o blog da jornalista Miriam Leitão, os generais presentes na reunião afirmaram que não sabem como colocar em prática um corte dessa magnitude e que nem em governos anteriores aconteceu algo parecido.
A reunião aconteceu pela manhã, no Quartel-General do Exército, em Brasília. Estiveram presentes o ministro da Defesa e os comandantes do Exército, general Edson Leal Pujol; da Marinha, o almirante Ilques Barbosa; e da Aeronáutica, o tenente-brigadeiro do ar Antonio Bermudez.
Após receber a má notícia, eles almoçaram com o presidente Jair Bolsonaro e o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general Augusto Heleno.
Entenda o caso
No fim de março, o governo, através do Ministério da Economia, anunciou um bloqueio de R$ 29,8 bilhões no Orçamento de 2019, devido às baixas perspetivas de receita. O contingenciamento atingiu todos os ministérios, em menor ou maior grau, além da Presidência da República e de emendas individuais de parlamentares e emendas de bancadas estaduais. Somente a vice-presidência saiu ilesa do corte.
SAIBA MAIS: Quem foi atingido e quem escapou da ‘tesourada’ do governo no Orçamento
O Ministério da Defesa, a qual está vinculada as Forças Armadas, teve um corte de 38% no seu orçamento. A previsão era que a pasta pudesse gastar R$ 13,227 bilhões neste ano, mas R$ 5,107 bilhões foram bloqueados e não podem ser usados.
Com isso, o ministério começa a repassar o bloqueio para sua atividades, entre elas o Exército, a Marinha e a Aeronáutica, que têm o orçamento vinculado à pasta.
O que diz o Ministério da Defesa
Questionado sobre a redução no orçamento das Forças Armadas, a assessoria do Ministério da Defesa não confirmou o percentual. Apenas disse que, de fato, houve um contingenciamento no orçamento da pasta que, consequentemente, atingiu as Forças Armadas.
A assessoria destacou, ainda, que não se trata de corte de verba, e sim de contingenciamento, já que o dinheiro pode ser desbloqueado pelo governo.
"Tal bloqueio, no momento, não impõe necessidade de mudanças na operacionalidade do Ministério da Defesa. A pasta trabalha com a expectativa de recuperação da economia e reequilíbrio do orçamento brevemente", diz nota enviada à Gazeta do Povo.
O Ministério da Economia revisa bimestralmente o orçamento do governo federal. O objetivo é cumprir a meta fiscal, que neste ano é ter um déficit primário que não ultrapasse R$ 139 bilhões. O resultado da próxima revisão será anunciado no fim de junho.
Ala militar vive momento de tensão
O corte no orçamento das Forças Armadas ocorre em um momento de tensão na ala militar do governo. A paciência dos generais com as críticas do filósofo Olavo de Carvalho, que vice nos EUA e é apontado como influenciador da linha ideológica do governo, se esgotou nesta semana. Ataques contra militares são compartilhados rotineiramente nas redes sociais por uma rede olavista a qual pertencem os filhos do presidente Bolsonaro.
O primeiro-alvo foi o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão. Mais recentemente, entrou para a "lista dos olavistas" o general Santos Cruz, ministro-chefe da Secretaria de Governo. Eles acusam Santos Cruz de querer regular a mídia. Já Mourão é acusado de trair a confiança de Bolsonaro.
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