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O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, detalhou a operação para recapturas de fugitivos do presídio federal de Mossoró.
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, detalhou a operação para recapturas de fugitivos do presídio federal de Mossoró.| Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado.

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou nesta quinta-feira (15) que uma equipe formada por 300 policiais procuram os dois detentos que fugiram da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Ele destacou que as câmeras de segurança não detectaram carros se aproximando da presídio, por isso os fugitivos podem ainda estar no local. Além disso, não foram registrados furtos ou roubos de veículos, mas uma casa teria sido arrombada na região.

“Imaginamos que eles estão localizados num perímetro de cerca de 15 quilômetros de distância do presídio até o centro da cidade. É um local de matas, uma zona rural, imaginamos que eles ainda estão naquela região”, disse. Lewandowski concedeu uma entrevista coletiva nesta tarde para explicar a operação de recaptura dos presos. Esta é a primeira manifestação pública do ministro sobre o caso. “Nossa grande preocupação é com a recaptura dos dois fugitivos”, destacou

Segundo o ministro da Justiça, cerca de 100 agentes da Polícia Federal, 100 da Polícia Rodoviária Federal e 100 agentes das forças policiais locais trabalham nas buscas. Além disso, três helicópteros e drones estão sendo utilizados pela força-tarefa. “Temos notícias de que uma casa rural foi invadida, onde houve furto de roupas e de comidas, certamente isto pode pode estar relacionado a esses dois fugitivos que estão tentando sobreviver nesta área”, afirmou.

Na manhã desta quarta (14), dois presos fugiram da unidade de segurança máxima. Eles seriam vinculados ao Comando Vermelho e estavam detidos anteriormente em Rio Branco, no Acre. Esta é a primeira fuga de uma penitenciária federal desde que o sistema foi criado em 2006. Os detentos foram identificados como Rogério da Silva Mendonça, vulgo Querubim, Chapa, Cabeça de Martelo ou Martelo; e Deibson Cabral Nascimento, conhecido como Tatu, Deisinho ou Deicinho.

Ministro diz que presos fugiram pela luminária da cela

O ministro afirmou que uma “série de fatores” causaram a fuga dos dois detentos, entre eles a reforma do presídio, com ferramentas que poderiam estar espalhadas pelo local. A investigação também mostrou que havia defeitos na construção do presídio. Segundo o ministro, a fuga ocorreu pela luminária da cela, que não estava protegida por uma laje de concreto.

“A fuga ocorreu de terça para quarta-feira de carnaval, onde, eventualmente, as pessoas estavam mais relaxadas, como costuma ocorrer neste momento”, disse Lewandowski. De acordo com ele, outro fator que contribuiu para a ação foi a reforma interna pela qual o presídio estava passando.

“Havia operários lá dentro, ferramentas, infelizmente a informação que nós temos é de que as ferramentas não estavam, devidamente acondicionadas e trancadas, possivelmente estavam espalhadas pelo presídio, ao alcance das pessoas que realizaram esta fuga”, apontou.

Os fugitivos teriam passado pela luminária para chegar ao “shaft”, um vão interno feito para a passagem de instalações e tubulações. “Eles conseguiram sair pela luminária e entraram naquilo que se chama shaft, aquele local onde se faz a manutenção do presídio… De lá, conseguiram alcançar o teto do sistema prisional, não havia nenhuma laje, nenhuma grade, nenhum sistema de proteção”, destacou o ministro.

Lewandowski afirmou que quando os dois detentos ultrapassaram esses obstáculos encontraram ferramentas que eram utilizadas na reforma da penitenciária. “Eles se depararam com um tapume de metal, que estava protegendo o local reformado, este tapume pode ser facilmente ultrapassado. Depois, com um alicate que corta arames, eles cortaram as grades que os separam, digamos assim, do mundo exterior”, afirmou.

Câmeras não funcionaram adequadamente

O ministro ressaltou que algumas câmeras e lâmpadas “não estavam funcionando adequadamente”, o que pode ter contribuído para a fuga. “De quem é esta responsabilidade? Por que isto ocorreu? Isto será objeto das investigações”, disse. Ele afirmou que, neste momento, dois tipos de investigações estão sendo realizadas: uma de caráter administrativo, para apurar responsabilidades disciplinares, e outra no âmbito criminal, conduzida pela PF, para investigar se funcionários da unidade prisional ajudaram na fuga.

Lewandowski afirmou que, em um primeiro momento, a investigação não aponta para uma fuga orquestrada, arquiteta com muito dinheiro. “Foi uma fuga, diria eu, pelo menos num primeiro momento, que custou muito barato, que foi efetuada com aquilo que foi encontrado no local”, disse.

O ministro da Justiça reforçou que a fuga dos dois detentos é “grave” e “não pode ser minimizada”, mas é uma fuga “que se deu em razão de uma série de coincidências negativas, de casos fortuitos e, infelizmente, facilitaram a fuga desses dois criminosos. Lewandowski afirmou ainda que, embora preocupante, o episódio “não afeta a segurança dos presídios federais”.

Mais cedo, o juiz federal Walter Nunes, corregedor da Penitenciária Federal de Mossoró (RN), também afirmou que os investigadores apuram se duas câmeras não teriam detectado os presos no caminho que fizeram entre a cela e a saída do presídio. “É certo que houve falha na observação dos protocolos de segurança, que são rigidamente estabelecidos em um presídio de segurança máxima”, disse o juiz em entrevista à GloboNews.

Nunes destacou que a legislação proíbe câmeras de vigilância dentro das celas. O corregedor apontou que, apesar de haver imagens de algumas câmeras, a segurança do presídio não percebeu que eram detentos tentando sair da penitenciária. “O problema é que ele [o detento] saiu andando por dentro da unidade prisional sem que tivesse sido detectado pelas câmeras, tem imagens, mas não foi detectado que era uma pessoa saindo da unidade prisional”, disse.

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