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Inquérito do golpe

Fux vota para tornar Bolsonaro réu, mas diz que se aprofundará na denúncia apresentada pela PGR

Luiz Fux
Ministro disse que precisa se aprofundar em temas como dosimetria da pena e crimes imputados aos denunciados. (Foto: Rosinei Coutinho/STF)

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O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), seguiu o relator Alexandre de Moraes e também votou, nesta quarta (26), para tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais sete aliados réus no processo que apura a suposta tentativa de golpe de Estado em 2022. Ele, no entanto, afirmou que fará uma análise mais aprofundada dos termos expostos pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e do que foi apresentado pelo colega.

O julgamento do mérito da denúncia elaborada pela PGR foi retomado nesta quarta com os votos de Moraes, Flávio Dino, Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin. Eles compõem a Primeira Turma do STF e acolheram, por unanimidade, a denúncia contra os oito réus no processo sobre a suposta tentativa de golpe.

"O juiz tem o dever e o poder de avaliar, necessito receber a denúncia para que eu possa, aí sim, me aprofundar em todas essas questões [principalmente de dosimetria da pena e crimes imputados] que citei como observações. Em relação à autoria e à materialidade, o relator e o Ministério Público legaram à Turma e à sociedade tudo quanto nós precisávamos saber para o recebimento da denúncia", disse Fux acompanhando o voto de Moraes.

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Fux, no entanto, não voltou ao tema da competência da Primeira Turma em julgar o caso, como fez durante a análise dos questionamentos feitos pelas defesas dos denunciados na tarde de terça (25).

Na ocasião, ele afirmou que “ou nós estamos julgando pessoas que não exercem mais função pública e não têm mais foro de prerrogativa do Supremo, ou nós estamos julgando pessoas que têm essa prerrogativa. E o local correto seria, efetivamente, o plenário do STF”.

“O ministro Celso de Melo, professor de todos nós, dizia que a competência de foro não deve criar privilégios e nem criar justificativas e restrições a quem quer que seja. Portanto sempre procurei seguir esse entendimento [...] Eu peço todas as vezes para acolher essa preliminar”, declarou sendo voto vencido.

Durante a explanação do voto, Fux afirmou que Moraes deixou devidamente explicadas as atividades de cada um dos denunciados e que a materialidade foi demonstrada em vídeo. No entanto, ressaltou que é preciso analisar “em relação à própria legislação” a questão de crime tentado, que seria a questão da suposta tentativa de golpe de Estado.

“É possível que, no curso da instrução, se chegue à conclusão de que há, na verdade, um conflito aparente que se possa encaixar em determinado tipo que seja mais abrangente do que o outro”, disse.

Ele explicou afirmando que “a partir do momento que o legislador cria um crime tentado como consumado, aí vamos ter de rememorar aos bancos da faculdade que falava do caminho do crime, em que se há a cogitação, a preparação, a execução e a consumação”.

“Se o legislador cria tentativa como crime consumado, todo crime tem atos preparatórios, evidentemente. Todo crime tem tentativa, está na lei [que] os atos não se consumam por razões alheias à vontade do agente”, pontuou.

Ele ainda citou que pretende verificar a questão da dosimetria das penas citando, por exemplo, o pedido de vista que fez sobre o processo contra a cabeleireira Débora Rodrigues, que vandalizou a estátua “A Justiça” com batom no dia 8 de janeiro de 2023.

“Em algumas ocasiões me deparo com alguma pena exacerbada, por isso pedi vista do caso”, disse. Neste processo, Moraes votou para condená-la a 14 anos de prisão.

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Divergência de Fux dá esperança à defesa dos denunciados

A divergência aberta por Fux levantou para a defesa dos envolvidos a possibilidade de eventual anulação, no futuro, de eventual condenação por tentativa de golpe.

Durante a análise de questões preliminares - questionamentos sobre a regularidade da investigação - levantadas pelas defesas de Bolsonaro e de outros sete acusados, Fux acolheu o pedido para retirar o caso do STF, por ausência de foro privilegiado dos envolvidos; e defendeu, se fosse mantida a competência da Corte, a remessa do caso para o plenário, composto por todos os 11 ministros.

Fux ficou vencido, uma vez que Moraes, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin – os outros integrantes da Primeira Turma – votaram pela competência do STF e da Primeira Turma. Mas, em seu voto, o próprio Fux alertou que a falta de competência é causa para anulação de todo o processo, na fase seguinte do caso.

“A incompetência absoluta é um vício que é passível de ser alegado, inclusive, na rescindibilidade do julgado. E nós aqui, na Primeira Turma, temos vários habeas corpus, que foram impetrados, e que por incompetência absoluta, foram concedidas as ordens”, afirmou ao divergir.

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