O agora ex-secretário nacional da Cultura, Roberto Alvim, esbanjava confiança na manhã da sexta-feira (17), pouco antes de ser exonerado pelo presidente Jair Bolsonaro pela citação de uma frase nazista em um vídeo divulgado no dia anterior. Alvim relatava ter conversado com Bolsonaro sobre o assunto e refutava qualquer possibilidade de retirar a declaração ou pedir desculpas.
"Aqui não é 'direita Nutella'", disse, em desabafo presenciado pela reportagem da Gazeta do Povo. A menção à "Nutella" é referência a uma piada comum nas redes sociais, que relaciona o creme de avelã à falta de firmeza - seu oposto seria um comportamento "raiz". Alvim também disse que não teria uma atitude "paz e amor", para responder aos críticos de seu pronunciamento.
A reportagem realizou entrevista com Alvim pouco após o desabafo. Na conversa com a Gazeta, o ex-secretário disse que não sabia que a frase que levou à sua demissão era de autoria de Joseph Goebbels, ministro da propaganda da Alemanha nazista. Ele se justificou dizendo que "existem belíssimas frases ditas por genocidas do passado" e que frases deste tipo são "um travestimento, com um nobre discurso, de intenções absolutamente nefastas".
Ele também contou ter dito a Bolsonaro sobre "uma coincidência retórica que havia entre as frases" e que a declaração de Goebbels "se coaduna com o nosso ideal de construção de uma arte nacional, uma arte heróica, uma arte vinculada ao povo que o elegeu e que através dele me colocou também aqui".
A frase de Alvim que despertou polêmica foi: "A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes de nosso povo, ou então não será nada".
Em 1933, Goebbels fez o seguinte pronunciamento a diretores de teatro: "A arte alemã da próxima década será heroica, será ferramente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada".
-
Censura clandestina praticada pelo TSE, se confirmada, é motivo para impeachment
-
“Ações censórias e abusivas da Suprema Corte devem chegar ao conhecimento da sociedade”, defendem especialistas
-
Elon Musk diz que Alexandre de Moraes interferiu nas eleições; acompanhe o Sem Rodeios
-
“Para Lula, indígena só serve se estiver segregado e isolado”, dispara deputada Silvia Waiãpi
Ampliação de energia é o maior atrativo da privatização da Emae, avalia governo Tarcísio
Ex-desembargador afirma que Brasil pode “se transformar num narcoestado”
Contra “sentença” de precariedade, estados do Sul buscam protagonismo em negociação sobre ferrovia
Câmara de São Paulo aprova privatização da Sabesp com apoio da base aliada de Nunes